No espaço de apenas um mês, a diferença de intenções de votos para prefeito de Natal entre Carlos Alves e Natália Bonavides caiu de 14 para 8 pontos percentuais.
Foi o que apontaram os levantamentos feitos pelo Instituto Exatus, em parceria com o Agora RN, com números já divulgados aqui no blog.
Percebe-se que Carlos Alves ainda tem o nome lembrado pelo povo de Natal, em razão das gestões que exerceu à frente do Executivo local.
Mas, politicamente, encontra-se isolado.
Mudou de partido, perdeu boa parte do grupo político que liderava e não se elegeu para senador.
Natália, por outro lado, foi a deputada federal mais votada do RN, tem base política coesa e intenções de voto cristalizadas.
Carlos tende a desidratar mais; Natália, a permanecer estável.
Contudo, a despeito de Natália ser um fenômeno de votos nas proporcionais, as eleições majoritárias tem suas peculiaridades.
Para evitar análises teóricas que não caberiam neste artigo, olhemos para a postura de Lula na eleição de 2022.
Lula, como poucos, sabe dar um passo para traz para dar dois pra frente.
Seria melhor para a esquerda um Lula com discurso e alianças flexibilizadas ou um Bolsonaro reeleito?
Nunca a esquerda teve tantas chances de ocupar a prefeitura de Natal como agora.
Como “progressista pragmático”, desejo que Natália consiga fazer algumas adequações pontuais de discurso, sem mudar a substância de suas pautas.
Tais adequações fariam com que ela ecoasse com mais facilidade em setores do centro natalense ainda receosos com o PT.
Já disse diversas vezes que o sorriso de Natália “abarca o mundo” de quem o vê.
Mas, ironicamente, o conselho que eu a daria agora está contido num dos poemas mais pessimistas e niilistas da língua portuguesa: “Tabacaria”.
Lá, escreve Álvaro de Campos, alter ego do imortal Fernando Pessoa:
“(…) Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas
_ Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -, _
E quem sabe se realizáveis,
—
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
_ O mundo é para quem nasce para o conquistar _
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão. (…)”