Ontem, 26, a convite do professor Renato, meu amigo e Diretor da instituição, estive no Campus do IFRN em São Paulo do Potengi para acompanhar o Julho das Prestas.

Na programação, a peça A Última Faraó, sobre Cleópatra, uma das mulheres mais poderosas e controversas da antiguidade.

A apresentação foi executada pela Companhia de Teatro Kalimera, formada por alunos da escola. O local foi o auditório que leva o nome do “poeta liberto”, Fabião das Queimadas, o qual, pela arte, livrou sua família das escravidão.

Qualquer peça sobre Cleópatra traz consigo reflexões sobre poder, ambição, vitória e decadência. Com esta não foi diferente.

Justamente por isso, a peça me fez lembrar de um outro personagem egípcio, aquele que talvez tenha sido o mais poderoso dos Faraós: Ramsés II, pelos gregos antigos chamado de Ozymandias.

Como ocorre com todos os governantes de todos os tempos e locais, inclusive Cleópatra, o poder de Ozymandias não resistiu ao tempo.

As estruturas de poder, por mais fortes que sejam, um dia caem. Todas as obras materiais um dia sofrerão a degradação fatal do tempo.

A percepção de tais fatos é ainda mais importante para aqueles que governam e, muitas vezes, deixam-se levar pela vaidade, fruto da frágil natureza humana.

Não importa o quão fortes e poderosos sejamos, o tempo sempre será mais forte que nós, como bem lembrou Shelley, no seu famoso soneto sobre o faraó mais poderoso (tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos, 1989):

“No pedestal estas palavras notareis:


‘Meu nome é Ozymandias, e sou Rei dos Reis:


Desesperai, ó Grandes, vendo as minhas obras!’


Nada subsiste ali.


Em torno à derrocada da ruína colossal,


a areia ilimitada se estende ao longe,


rasa, nua, abandonada.”

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