Conforme divulgado pela Thaísa Galvão, o MPF iniciou um processo que pode culminar com a perda de mandato de Rogério Marinho.
Como é de conhecimento público, em 2022, a fim de garantir a reeleição de Fátima Bezerra, a esquerda montou uma aliança com os Alves: Walter para vice, Carlos para o Senado.
Com uma só tacada, Fátima tirou da briga pelo Governo os dois adversários mais fortes à época: Carlos, que veio para o seu lado; Álvaro Dias, que não arriscaria deixar a prefeitura de Natal na mão da vice indicada por Carlos.
Mas a aliança com os Alves exigia um sacrifício, ou melhor, um sacrificado: Jean, justamente o melhor senador da bancada potiguar, um dos mais atuantes do país, que ocupava, inclusive, a liderança da oposição ao governo Bolsonaro.
Jean, então, foi ser o primeiro suplente do pesadíssimo Carlos Eduardo.
A conjuntura não agradou a alguns setores da esquerda, conforme perfeita síntese feita por alguém à época: “é muito Alves numa chapa”.
Ao final, Fátima foi reeleita no primeiro turno, mas a esquerda teve que aceitar a vitória de Rogério Pesadíssimo Marinho, o senador que poderia não ter sido, se Jean tivesse participado da disputa “na cabeça”.
Mesmo estando agora à frente da Petrobras, caso Rogério perca o mandato, a priorização do nome de Jean pela esquerda é questão de justiça, por dois motivos simples.
Primeiro, pela postura de grupo que demonstrou em 2022, aceitando ser preterido para que (grande parte da) a esquerda votasse na excrescência chamada Carlos Eduardo.
Segundo, pela capacidade técnica e pela atuação política que teve durante o governo bolsonaro, quando a esquerda tava “na chibata”, como diria meu avô.
Sacrifícios por um grupo em tempos de vacas magras demandam o reconhecimento do mesmo grupo no tempo das vacas gordas.
Provavelmente Jean não deixaria a Petrobras para concorrer a uma eleição suplementar de Senador.
Porém, não havendo mais risco à perda do governo estadual, caso Jean quisesse concorrer e fosse preterido pelo próprio grupo, ouso dizer que estaríamos diante de uma situação ainda mais injusta do que a já histórica “abundância de Alves na chapa”.