Diversos são os padrões possíveis para a análise da realidade.

O que mais prevalece é o científico, pela sua objetividade e “certeza” na explicação de fenômenos, inclusive os políticos e sociais.

Já fiz, aqui no blog, algumas análises do resultado da eleição a partir de um parâmetro mais “técnico”, nenhuma delas, porém, capaz de abarcar minimamente o que Natália fez nesta campanha.

Na famosa cena de “Sociedade dos Poetas Mortos”, o personagem do imortal Robin Williams afirma que “o direito, a engenharia, a medicina são coisas importantes para a vida, mas o amor, a arte e a poesia são coisas pelas quais vale a pena viver”, raciocínio que poderia ser resumido pela sentença de Ferreira Gullar, segundo a qual “a arte existe porque a vida não basta”.

Dizem que, reconhecendo a impossibilidade de expressar detalhadamente seu existencialismo, Sartre escreveu “A Náusea”.

A arte, não a técnica, é o que nos faz humanos. E a campanha de Natália foi uma obra de arte.

Das imagens “que captam a alma”, belissimamente registradas pela equipe, às falas, abraços e sorrisos.

Da esperança não declarada verbalmente, mas exposta pelos olhos registrados, à mágica transformação do sofrimento em alegria, realizada por Natália, quando chegou ao seu comitê após o resultado do segundo turno.

Tais perspectivas não podem ser compreendidas senão pela arte.

Na ansia de compreender poeticamente o que ocorreu, adaptei o trecho final de “A flor e a Náusea”, de Drummond:

“Uma flor vermelha nasceu na rua, rompendo o asfato, o tédio, o nojo e o ódio de uma cidade cinza. Já não há mais força contrária capaz de impedir o jardim que vem”.

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