DCM – Ao revogar a Instrução Normativa [IN] 2219 que havia sido publicada em 17 de setembro do ano passado, o governo pretendeu virar a página e estancar a hemorragia política causada pela manipulação bolsonarista sobre o PIX.
No entanto, o desgaste sofrido ainda demandará um esforço desafiador para ser revertido. O episódio abalou a credibilidade do governo e exacerbou um sentimento de desconfiança e suspeita sobre intenções supostamente “ocultas” por trás de cada iniciativa do governo.
O lado promissor desta crise é que ocorre em meio à mudança na comunicação do Planalto, e por isso poderá servir de “estudo de caso” para o governo ajustar tanto suas estratégias comunicacionais como seu funcionamento e postura política de enfrentamento ao gangsterismo extremista.
Comparando a mentira a um vírus, Haddad minimizou as falhas do governo [entrevista CNN, 17/1]. “Você só consegue produzir a vacina depois de conhecer o vírus. Você não consegue produzir a vacina para um vírus que você não conhece”, ele disse, dando a entender que a crise seria de todo modo inevitável.
Essa comparação só seria inteiramente válida, entretanto, se não tivessem existido sinais e sintomas óbvios da ação do “vírus da mentira” nas plataformas da internet. Contudo, não foi assim que aconteceu – o processo de disseminação da mentira [a “transmissão viral”] não foi assintomático.
Pelo menos desde a última semana de dezembro de 2024 já começaram circular especulações nas redes bolsonaristas de que o governo pretendia taxar o PIX e cobrar impostos de usuários deste meio de pagamento.
Pesquisa da Quaest Consultoria [17/1] mostra que a “onda viral” iniciada ainda em dezembro ganhou a força de tsunami em 15 de janeiro depois de crescer de modo sustentável, dia após dia, sem que o governo se antecipasse e agisse para combater a manipulação e a mentira.
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