Paulinho não queria ser candidato a prefeito.

Com boa fama de cumpridor de compromissos, ele estava bem como deputado: mantinha sua influência em Natal, tinha uma base sólida, reelegeria a mulher vereadora e se reelegeria para a câmara federal.

Mas o sistema precisava de um candidato. Alguém que o sistema confiasse.

Joana Guerra tinha a confiança do sistema, mas não tinha os votos.

Carlos Eduardo tinha os votos, mas não tinha a confiança do sistema ao qual um dia pertenceu.

Natália nunca pertenceu nem aceitaria pertencer ao sistema.

Paulinho não tinha os votos, mas poderia tê-los, considerando sua já citada fama de “cumpridor de compromissos”, sua posição moderada e a incontestável estrutura a seu dispor, avalizada, majoritariamente, por Álvaro Dias e Rogério Marinho.

Contudo, olhando para trás, será que valeu a pena?

Faz um mês que a gestão de Paulinho começou, e faz um mês que o prefeito vive um inferno astral: já teve exonerada a secretária de saúde, já fechou o mercado da Redinha recém-inaugurado, já teve escancarada as diversas falhas na obra da engorda, aquela pela qual ele invadiu o IDEMA com um exército de comissionados.

Paulinho mal aparece em público. Quase não teve pronunciamentos.

Agora, o Ministério Público apresenta um robusto acervo probatório atestando a ocorrência de abuso de poder político em sua eleição.

Paulinho pode ser cassado e ser tornado inelegível.

Muita gente envolvida no suposto esquema, em especial o ex-prefeito e dois secretários eleitos vereadores.

Muita gente sabe de muita coisa e alguém pode falar.

O semblante do prefeito é de arrependimento, motivado por desejo impossível de voltar no tempo, de retornar à paz da dose de uísque 18 anos que bebia tranquilamente em Brasília.

Não há como voltar, Paulinho.

Nem há como sair deste inferno astral, cujas chamas nem a estruturadíssima mídia alugada consegue apagar.

As chamas, VERMELHAS, consomem impiedosamente um castelo de cartas azul.

Tic Tac.

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