“Enquanto dormíamos em berço esplêndido, surrupiaram nossas bandeiras”, escreveu o santo católico (ainda) não canonizado Monsenhor Expedito, referindo-se ao distanciamento que a igreja havia tomado da causa dos pobres.
Feitas as devidas ressalvas, podemos utilizar a frase para analisar a postura da esquerda brasileira em relação a temas relevantes de cunho nacional, como patriotismo, anti-imperialismo e fortalecimento da soberania do país.
Pela nossa inércia, deixamos que a direita vendida, vira-lata, subalterna, apresentasse-se para o povo como patriótica.
Pela nossa inércia, deixamos que a mesma direita nos taxasse de vagabundos anti-trabalho, enquanto, por essência, defendemos a existência de trabalho para todos e todas, em condições dignas.
Pela nossa inércia, deixamos que a direita tratasse reforma agrária como pauta de vagabundo que quer tomar o que é alheio, quando sabemos que divisão das terras improdutivas é uma questão de justiça, necessária, inclusive, ao fortalecimento da soberania nacional.
Segue atual o discurso do deputado Rubens Paiva, que em 01 de abril de 1964, na Rádio Nacional, exclamou:
“O nosso presidente, ao tomar as medidas tão reclamadas por todo o nosso povo, medidas que nos conduzirão indiscutivelmente a nossa emancipação política e econômica definitiva, realmente prejudicou os interesses de uma pequena minoria de nossa terra, pequena minoria, entretanto, que detém um grande poder, todo o poder econômico deste país, todos os órgãos de divulgação, os grandes jornais e as estações de televisão. É indispensável, portanto, que todo o povo brasileiro, os trabalhadores e os estudantes de São Paulo, em especial, estejam atentos às palavras de ordem que emanarem aqui da Rádio Nacional e de todas as outras rádios que estejam integradas nesta cadeia da legalidade”.
Já surrupiaram nossas bandeiras por tempo demais.
É hora de reagir.
E avançar!