Brasil de Fato – O Brasil reafirmou a evolução positiva observada desde 2023 no índice global de liberdade de imprensa. Segundo dados da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), em 2025, o país deu um salto de 47 posições na comparação com 2022 e alcançou o 63ª lugar entre 180 nações.
No ranking de 2024, o Brasil já havia subido dez posições. A RSF avalia o movimento ascendente como resultado de uma melhora no ambiente político nacional e da percepção de “um clima menos hostil ao jornalismo”, após a saída de Jair Bolsonaro (PL) da presidência.
As boas notícias nacionais se opõem a um cenário preocupante observado no resto do continente americano. Segundo a pesquisa, o jornalismo nas Américas enfrenta desafios estruturais e econômicos persistentes, que incluem a concentração da mídia, a fragilidade dos serviços de informação pública e condições de trabalho precárias.
Um dos retrocessos mais marcantes na região é o da Argentina, que perdeu 47 posições em dois anos. A queda significativa é atribuída às tendências autoritárias do governo do presidente Javier Milei. Segundo a organização, Milei “estigmatizou jornalistas, desmantelou a mídia pública e utilizou a publicidade estatal como instrumento de pressão política.”
Ele também anunciou o fechamento de veículos estatais, o que representou um “duro golpe” na distribuição da informação. Aliada à crise econômica, essa realidade amplia a concentração midiática no país, ou seja, deixa a informação nas mãos da mídia hegemônica e tradicional e enfraquece a comunicação popular e comunitária.
Nos Estados Unidos, a RSF observa um cenário de “deterioração” da liberdade de imprensa. O país caiu duas posições em relação ao ano passado. A percepção é de que o segundo mandato de Donald Trump aumenta a hostilidade contra jornalistas e diminui a credibilidade na imprensa.
“O desprezo aberto de políticos pelos meios de comunicação contaminou parte da opinião pública. Jornalistas em campo são frequentemente alvo de assédio, intimidação e agressões físicas enquanto trabalham”, alerta o relatório.
Além disso, Donald Trump politizou a Comissão Federal de Comunicações (FCC), proibiu o acesso da Associated Press à Casa Branca e desmontou a Agência de Mídia Global dos Estados Unidos (USAGM). Essas ações são vistas como potenciais riscos à liberdade de imprensa no país.
Os danos que governos autoritários causam ao direito à comunicação também são observados em El Salvador, sob a presidência de Nayib Bukele, aliado de Trump. Político de extrema direita, ele é conhecido pelas acusações de violação de direitos humanos, prisões arbitrárias e encarceramento em massa.
Após a chegada dele ao poder, o país já perdeu mais de 60 posições no ranking de liberdade de imprensa. O relatório da RSF aponta um ambiente marcado por vigilância, ataques e até mesmo espionagem contra jornalistas.
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