O Potiguar – A prefeitura do Natal vem dizendo que o São João de Natal de 2025 é o maior da história da cidade. Afirmações como essa precisam do anteparo comparativo devido, para saber se de fato há procedência pela análise retrospectiva. Ora, a afirmação é no mínimo duvidosa. Cabe fundamentação.

O São João no formato implementado em 2025 tem conseguido juntar, conforme dados da prefeitura que não divulgou a metodologia que gerou tal informação, cerca de 100 mil pessoas por noite nos shows que acontecem em apenas um polo – primeiro, no estacionamento do Arena das Dunas e depois (ainda vão ocorrer), nos outros outros fins de semana restantes, em outras regiões de Natal. Sempre com uma região tendo a exclusividade de concentrar toda a festa por vez. 

As estatísticas são escassas a respeito dos anos anteriores. Porém, conforme dados da própria prefeitura do Natal, o polo Arena das Dunas chegava a cerca de 80 mil pessoas por noite de Shows nas edições de 2023/2024. Em uma situação narrada em ano anterior, os portões do Arena tiveram de ser fechados de tanta gente porque não cabia mais ninguém.

Agora vem o pulo do gato. Nesse momento, outros shows estavam ocorrendo em outros polos da cidade, desconcentrando a quantidade de pessoas. E ainda há outro aspecto nada desprezível – a Prefeitura do Natal abria editais para a formação de arraiás em todas as comunidades da cidade. Em 2023, por exemplo, foram 40 arraiás em todos os bairros de Natal, mantendo festejos locais, apresentações culturais etc.

O que Paulinho Freire fez foi uma escolha por um modelo, que é uma espécie de carnatal – ele gera uma foto maior porque está todo mundo junto e desmantela tanto os arraiás locais, como os polos em outras regiões que ocorriam de modo concomitante com os shows do polo principal, que promoviam artistas locais.

Foi uma escolha política. Com isso, faz a migração do evento para o formato micareta e enfraquece as comunidades e os produtores culturais locais que, aliás, em sua maioria não votou nele em 2024.