Guilherme Levorato/Brasil 247 – A derrubada do decreto presidencial que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) expôs a maior derrota do governo Lula (PT) em seu terceiro mandato e provocou uma reação imediata do líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE). Em entrevista ao jornal O Globo, Guimarães defendeu uma recomposição ampla da base aliada no Congresso Nacional e apontou a necessidade de reavaliar as relações com os presidentes das duas Casas, Hugo Motta (Câmara) e Davi Alcolumbre (Senado).
“Defendo que seja feita recomposição. Eu defendo um ajuste geral da base, inclusive, da relação aqui dentro. Tanto da Câmara como do Senado, porque o problema hoje ocorre nas duas Casas”, declarou Guimarães, em tom de autocrítica e alerta.
Choque político e reação imediata – A derrota ocorreu em uma votação remota, sem debate em plenário, o que acentuou o desconforto do governo. O decreto que aumentava o IOF foi rejeitado com apoio de parlamentares que, em tese, integram a base governista. O líder apontou a falta de aviso prévio e criticou o comportamento de Motta Alcolumbre.
“Eles resolveram levar a voto sem comunicar a nós. Essa é a minha insatisfação e a minha queixa política. Porque, numa relação, é sempre muito bom ter transparência, lealdade e compromisso com a verdade”, afirmou Guimarães.
Pressão por reorganização e corte de gastos – O parlamentar cearense também reconheceu que a articulação política enfrenta problemas estruturais e admitiu lentidão em processos do governo, como a execução orçamentária. No entanto, rechaçou a ideia de erro por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O presidente trata institucionalmente. Faz as reuniões com os dois presidentes ou individualmente. É isso que tem que fazer”, disse, afastando a possibilidade de uma presença mais incisiva de Lula nas articulações rotineiras.
Guimarães sugeriu que o governo vai ter que contingenciar recursos e rever gastos. “O governo vai ter que arrochar, vai ter que contingenciar, vai ter que bloquear a todos e a tudo. Isso não significa ameaça de nada. É a realidade da economia”, pontuou.
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