CBN – O ministro do STF Alexandre de Moraes afirma que irá ‘ignorar’ ações praticadas pelo governo Trump contra ele. Esta semana, o governo dos Estados Unidos aplicou sanções ao magistrado, com base na Lei Global Magnitsky, criada para punir ditadores, corruptos e violadores dos direitos humanos.
O presidente Donald Trump decidiu punir Alexandre de Moraes por causa do processo contra Jair Bolsonaro e medidas contra big techs que descumpriram as leis brasileiras.
O ministro comentou que não irá se ‘acovardar’ diante das ameaças.
Moraes disse ainda na abertura das atividades após o recesso do Judiciário que o deputado Eduardo Bolsonaro e o apresentador Paulo Figueiredo agem de ‘maneira covarde e traiçoeira’ com ‘patente finalidade de obstrução a Justiça’.
Ele destaca que eles tentam interromper e mexer no trabalho do STF em relação ao caso da tentativa de golpe.
Moraes disse que eles praticam atos ‘hostis contra a economia brasileira’ através de ‘condutas ilícitas e imorais’. Sem citar diretamente, ele destaca que eles traíram a pátria ‘como se glória houvesse nisso, na traição’. Além disso, ministro comentou que a atitude é de ‘traição do Brasil’ com uma ‘organização miliciana’.
‘A ideia é gerar uma grave crise econômica no Brasil para gerar uma pressão política e social sobre um caso que já chega nas alegações finais’.
‘Não houve no mundo tanta transparência em uma ação penal como essa. Nenhum país do mundo transmite para toda a sociedade acompanhar. É o STF atuando dentro dos limites republicanos e garantindo o processo legal’, seguiu.
O ministro continua dizendo que essas atitudes possuem apenas ‘interesses pessoais’ e que não pode se utilizar disso para prejudicar o trabalho das pessoas, com a tarifa de 50%.
‘A soberania nacional jamais será retirada e extorquida. O Supremo Tribunal Federal sempre será absolutamente inflexível na defesa da soberania nacional e na defesa da democracia e do estado democrático de direito’, afirmou Moraes.
Reunião com governo Lula
Nessa quinta-feira (31), o presidente Lula recebeu seis dos 11 integrantes do STF num jantar de solidariedade a Alexandre de Moraes no Palácio da Alvorada. Além de Moraes, compareceram ao evento o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, e os ministros Gilmar Mendes, Cristiano Zanin; Flávio Dino; Dias Toffoli; e Edson Fachin.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet; o advogado-geral da União, Jorge Messias; e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, também participaram.
Segundo relatos de quem participou, o presidente Lula e os membros do STF reforçaram o discurso de soberania nacional diante da ofensiva estrangeira contra a Suprema Corte do Brasil. Lula repetiu que o governo aceita discutir as tarifas, mas reiterou que a atuação do Judiciário é inegociável.
Alexandre de Moraes afirmou durante o jantar que estava tranquilo e que dará continuidade normalmente ao trabalho como juiz. Segundo o jornal Folha de São Paulo, ele disse ao presidente Lula que dispensa a atuação do governo na defesa dele nos Estados Unidos.
Por determinação do presidente, a Advocacia-Geral da União representaria Moraes na Justiça americana para questionar as sanções financeiras impostas a ele pelo presidente Trump. Durante o jantar, Moraes afirmou que não pretende estabelecer relação com os Estados Unidos.
Nos Estados Unidos, os principais articuladores da punição ao ministro Alexandre de Moraes e do tarifaço contra os brasileiros foram o deputado Eduardo Bolsonaro e o influenciador Paulo Figueiredo. Durante o processo, eles disseram que iriam sabotar qualquer iniciativa de negociação que não incluísse a anistia a Jair Bolsonaro e aos golpistas do 8 de janeiro.
A Polícia Federal incluiu oficialmente Paulo Figueiredo, que é o neto do ex-presidente da ditadura militar João Figueiredo, no inquérito que investiga a atuação de Eduardo Bolsonaro contra interesses do Brasil nos Estados Unidos.
No PL de Jair Bolsonaro, o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, anunciou a expulsão do deputado Antônio Carlos Rodrigues, por ele ter defendido o ministro Alexandre de Moraes e criticado o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O deputado disse que não foi comunicado oficialmente da expulsão do partido e afirmou que as críticas são fruto do exercício legítimo do mandato.