Leonardo Lucena/ Brasil 247 – Assessor especial da presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim destacou esta semana que a gestão do presidente norte-americano, Donald Trump, não conseguirá fazer uma espécie de emboscada contra o governo Lula. O diplomata rechaçou a hipótese de os Estados Unidos sinalizarem mais aproximação com o Brasil na tentativa de tirar vantagens na relação política e também na economia.

“Eles não enganam Lula”, disse Amorim em entrevista à coluna de Jamil Chade publicada nesta sexta-feira (26).

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O diplomata comentou o encontro entre Lula e Trump em Nova York, onde participaram da Assembleia Geral da ONU. “Até agora havia apenas uma relação indireta, por carta, sempre muito tensa. E acho que houve um desejo de distensão. Se vai resolver alguma coisa, os problemas substantivos, temos ainda que ver. Mas há a possibilidade e o desejo de conversa, e isso é positivo”, disse.

Amorim demonstrou apoio ao processo aberto pelo Brasil contra os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC). “Eu não vejo razão para retirar o processo. Sempre tivemos amizade com os EUA e eles tinham processos contra nós e nós contra eles. Ganhamos até mesmo um belo processo, que começou no final do governo de Fernando Henrique Cardoso e terminou já no governo Lula”, afirmou.

“Agora, se eles disserem que, para resolver um tal ponto, esse processo deve ser retirado, não sei. Tudo é negociável. Por todas as razões, sou muito favorável à OMC. Mas tampouco é uma religião”, acrescentou.

Venezuela
O diplomata repudiou também o deslocamento de militares norte-americanos para a região do Caribe, próxima à costa da Venezuela, presidida por Nicolás Maduro. “O uso da força e sua ameaça contra países da América do Sul é algo que nos preocupa muito. Trabalhamos para que a região seja uma área de paz. Queremos que haja paz e respeito”.

Ainda na entrevista, Amorim afirmou que o “problema do governo venezuelano é do povo venezuelano”. “Não podemos nos meter nisso. O que defendemos é a não intervenção e não agressão”.

Mais de 4.000 militares serão posicionados na região do Caribe, próxima à costa venezuelana. Os Estados Unidos alegam que a medida é necessária para combater o narcoterrorismo e também anunciaram uma recompensa de até US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões) por informações que levem à prisão ou condenação de Maduro.

Petróleo
A Venezuela é uma das principais frentes de resistência à hegemonia dos EUA em nível global. Outra questão para a relação delicada entre os dois países é o petróleo. De acordo com número do site World Atlas, a Venezuela ficou em primeiro lugar entre os dez países com as maiores reservas de petróleo do mundo em 2024 (300,9 bilhões de barris), seguida por Arábia Saudita (266,5 bilhões de barris) e pelo Canadá (169,7 bilhões de barris).

A sequência da lista foi ocupada pelo seguintes países: Irã (157,8 bilhões de barris), Iraque (150 bilhões), Rússia (103,2 bilhões), Kuwait (101,5 bilhões), Emirados Árabes (97,8 bilhões), EUA (48,5 bilhões), e Líbia (48,4 bilhões). O Brasil ficou na 15ª posição, com 16,2 bilhões de barris, o que representou aproximadamente 1% das reservas globais​.

Sanções
Na guerra comercial contra o Brasil, os EUA anunciaram um tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras para os EUA por causa do inquérito da trama golpista contra Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 27 anos de prisão. Outros sete réus foram condenados. Novos julgamentos acontecerão.

Além da retaliação na área econômica, os EUA suspenderam vistos de ministros do STF para o território estadunidense. As sanções foram impostas principalmente ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito do plano golpista na Corte.

Algumas medidas foram o congelamento de possíveis ativos financeiros em território norte-americano. Bancos dos Estados Unidos são obrigados a notificar o Office of Foreign Assets Control (OFAC) caso identifiquem valores vinculados ao magistrado, que também fica impedido de movimentar recursos ou realizar operações financeiras no país.

De acordo com pessoas próximas, Moraes minimizou a decisão e afirmou que a medida “não vai mudar nada”, já que não possui contas, investimentos ou patrimônio sob jurisdição norte-americana.

O governo Trump também aplicou sanções contra a advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo.

Ação do governo Lula
Em resposta à guerra de sanções lançada por Trump, que representa a extrema direita norte-americana, o governo Lula anunciou o plano Brasil Soberano.

Entre as principais medidas previstas nas propostas do governo Lula para proteger a economia brasileira estão linhas de crédito. Apenas do Fundo Garantidor de Exportações serão R$ 30 bilhões, para ajudar o setor produtivo e a classe trabalhadora.

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