A esquerda potiguar, especialmente o PT, vive o seu melhor momento no Estado. Escrevi sobre o assunto ontem aqui no blog.
O que é bom, mas, a depender do modo como vai ser guiado, pode ser ruim. Por isso é preciso, sempre, ver as coisas com clareza.
É importante reconhecer que boa parte do sucesso da esquerda nessas eleições se deve ao fenômeno Lula, e não necessariamente ao desejo da massa por um “projeto político de esquerda” (com algumas exceções, é claro).
Só quem acompanha a política do interior do Estado, como é o meu caso, sabe a grande quantidade de pessoas que votou em deputados do PT porque estavam ao lado de Lula no santinho que chegou às residências.
Saber disso é importante para que os setores da esquerda não se envaideçam e se acomodem. Não é hora de se acomodar. Assim que iniciar o ano, já é hora de arregaçar as mangas e começar a montar estratégias para as eleições municipais, para uma maior participação da esquerda nas disputas majoritárias e um fortalecimento das nominatas para a disputa proporcional.
É preciso uma análise de conjuntura, um mapeamento das diversas regiões do RN, constatação de lideranças, possíveis lideranças e peculiaridades políticas a serem levadas em conta. O discurso de esquerda da capital, acadêmico, estudantil, encontra pouco eco em municípios pequenos do estado. Há a necessidade de uma “estratégia personalizada”.
É preciso ser mais eficiente na comunicação. A esquerda tem que voltar a falar para o povo de um modo geral, para além dos cercados tradicionais, como falava nas décadas de 80 e 90.
Até o fim do ano, é tempo de comemorar. A partir do início do próximo, é hora de ocupar espaços. Sem vaidade, pragmaticamente, encarando a política mais como ela é, para que um dia possa ser como de fato deveria.