Vi nos stories do Coronel Azevedo que durante o evento do Messias Inelegível hoje, em Natal, colocou-se no telão uma citação do filósofo conservador Roger Scruton.
Oportunamente, republico um artigo meu, onde defendi que se Scruton analisasse o “bolsonarismo raiz”, concluiria que ele não é conservador.
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Segundo pensamento conservador, papangus da Hermes não são conservadores, mas reacionários; o pior que nem sabem
Para mim, um dos grandes problemas do bolsonarismo radical não é ser conservador, no sentido político-filosófico, mas ser reacionário e ignorante, achando-se conservador.
De fato, existem filósofos e intelectuais conservadores de respeito.
Eu, particularmente, gosto do trabalho do britânico Roger Scruton, falecido recentemente.
Há um livro dele trazido para o português intitulado “O que é conservadorismo?”.
Para ele, o conservadorismo poderia ser resumido como a compreensão de que coisas belas são dificilmente construídas, mas facilmente distruídas.
Nesse sentido, ele distingue o conservador do reacionário: enquanto o conservador enxerga a sociedade em toda a sua complexidade e aceita a necessidade de que sejam feitas reformas, o reacionário idolatra o passado e defende a destruição, ainda que simbólica, do presente e das propostas de mudança.
“O desejo de conservar é compatível com todos os tipos de mudança, desde que essa signifique continuidade”, escreve.
Deve-se considerar, portanto, que os papangus da Hermes da Fonseca não são conservadores, mas reacionários, que idolatram um contexto passado de ditadura militar, enquanto desprezam as instituições democráticas que com tanta dificuldade foram solidificadas após a Constituição de 1988.
Um conservador, no sentido real da palavra, possivelmente não votaria em Lula, mas defenderia o respeito à sua vitória, na medida em que tal respeito representaria a continuidade democrática e o respaldo às instituições, sem as quais a harmonia da sociedade não se mantém.
Nem o conservadorismo escapou da “destruição do pensar” causada pelo fenômeno bolsonarista.