Sou o “blogueiro” mais abertamente de esquerda do Estado. Todo dia é “pau” no bolsonarismo.
Justamente por isso tenho condições morais para criticar o modo como parte da militância de esquerda de um modo geral vem compreendendo a comunicação política.
A impressão que tenho é que andamos a cavalo, enquanto a direita anda de carro.
Vejamos o caso do perfume de Bolsonaro.
O perfume esgotou na pré-venda, e o fato rendeu ao Inelegível altíssima porcentagem de menções positivas nas redes, tanto as diretas (da mídia amiga) quanto as indiretas (da mídia em geral, noticiando o esgotamento em pré-venda).
O Inelegível montou uma estratégia de marketing que possibilitou a divulgação do seu nome no cenário nacional, quase gratuitamente, ganhou muito dinheiro no processo, fortaleceu a fidelidade de sua militância e ocupou espaços em nichos que antes não ocupava.
Em vez de reconhecer o fato e estudar estratégias combativas, parte da militância progressista limita-se a dizer que ele “tá passando vergonha”, ou a fazer memes dizendo que Bolsonaro tá sem dinheiro.
Essa postura serve apenas afagar nosso ego e nos distanciar ainda mais de uma solução real para a guerra de comunicação que estamos perdendo.
Não adianta a gente apenas patrocinar veículos tradicionais e cada vez menos influentes, que nem de esquerda são, como a Globo, enquanto o Inelegível ocupa mais espaços nas redes e no contato direto com as massas, pela tela de celular, sem intermediários.
Ou mudamos de postura, ou vamos ser engolidos nas guerras de comunicação em 2026, restando fazer apenas o que estamos fazendo agora: fingir que o problema não existe.