Ontem, 12, tive a felicidade de tomar posse na Academia Potengiense de Letras, em São Paulo do Potengi.

Não sou nenhum literato ou intelectual, é verdade. Tenho no máximo dois capítulos de livro e uns artigos da época da fauculdade de Direito, que fiz por acidente, como diria Ariano Suassuna.

Mas tenho uma forte vontade de documentar a história do nosso povo, a história de sorrisos e de tristezas desse povo batalhador do sertão. Em especial, do sertão da nossa região Potengi, onde nasci e fui criado.

Documentar a história desse povo do Potengi, de certo modo, é publicizar os documentos relativos aos mais de 50 anos nos quais Monsenhor Expedito esteve à frente da Paróquia local, as suas cartas, acervos fotográficos, fitas de vídeo, de um tempo e de uma experiência pastoral que foram estudados por acadêmicos internacionais, mas que andam esquecidos pelos próprios potiguares.

Intelectual, padre Expedito se correspondeu com 12 países de quatro continentes. Conseguiu, a um só tempo, ser amigo pessoal de Dom Helder Câmara, ícone progressista (imagem acima), e Dom Eugênio de Araújo Sales (ícone conservador).

Popular, iniciou, em São Paulo do Potengi, o que depois seria a Campanha da Fraternidade em nível nacional. Fundou maternidade, fundou sindicato de trabalhadores rurais, fez seminários de eduação política popular, alfabetizou por meio de escolas rediofônicas. Combateu a famigerada indústria da seca.

Como poucos potiguares, deu visibilidade ao povo pobre do interior. Um povo muitas vezes esquecido. Sobre este povo escreveu em seu livro “Pelos Caminhos do Potengi”, citando o poeta Rafael Arcanjo: “A história verdadeira está na boca do pobre, a contada nas escolas foi mudada”.

Pretendo atuar para publicizar essa história, de um grande potiguar que, infelizmente, anda esquecido.