A instrumentalização da Bíblia para um projeto de poder e o Bezerro que pesava mais de 1KG de ouro
No decorrer da história da cristandade, que já vai com mais de 2000 mil anos, muitas vezes as Escrituras foram instrumentalizadas por grupos para um projeto de poder, não raramente contrariando de modo nítido os ensinamentos pregados pelo próprio Jesus.
E o primeiro a fazer isso não foi um qualquer, foi o próprio Diabo.
Ao tentar Jesus no deserto, o Diabo o fez utilizando as próprias escrituras sagradas, conforme se vê, por exemplo, no Evangelho Segundo Mateus, Capítulo 4.
A passagem mostra que é particularmente fácil descontextualizar trechos da Bíblia e utilizados num projeto de poder, cujos interesses podem estar longe do Divino.
No Brasil, isso não foi tão comum quanto agora, onde boa parte dos evangélicos petencostais e neopentecostais veem o voto em Bolsonaro como uma questão de fé, relativa à volta de Jesus, a partir de uma perspectiva escatológica dispensacionalista, uma compreensão teológica literal e descontextualizada do Apocalipse de João.
Costumam fundamentar o apoio incondicional a Bolsonaro com o Capítulo 13, verso 1, de Romanos, onde o Apóstolo Paulo sustenta que “Toda autoridade é constituída por Deus”, não explicando, porém, no caso dos pentecostais e neopentecosais potiguares, o motivo pelo qual o referido trecho também não merece aplicação em face da governadora Fátima Bezerra, legitimamente eleita, assim como o presidente.
Para mim, porém, relação entre esses setores e o presidente Bolsonaro tende a lembrar mais a que os hebreus tiveram com o Bezerro de Ouro, na época de Moises (Êxodo, capítulo 32), o qual provavelmente pesava mais do que aquele 1kg exigido por pastores evangélicos como propina no Ministério da Educação.