Cleber Lourenço/ICL Notícias – Advogados ligados a réus no processo por tentativa de golpe de Estado anunciaram nesta quarta-feira (23) na rede social X, que a prisão de Jair Bolsonaro tinha sido decretada pelo Supremo Tribunal Federal e pouco depois apagaram a informação falsa.
A desinformação foi alimentada por prints de uma decisão que nunca existiu nos autos. A advogada e influencer bolsonarista Fabiana Barroso publicou trecho do texto falso, enquanto outros perfis atribuíam a medida diretamente ao ministro Alexandre de Moraes, afirmando que a prisão já havia sido decretada.
Um dos que acreditaram na veracidade do documento foi o advogado Jeffrey Chiquini, que é defensor de Filipe Martins, ex-assessor internacional de Bolsonaro e réu por tentativa de golpe. Procurado pelo ICL Notícias após a circulação de uma imagem com uma postagem sua no X (ex-Twitter), Chiquini — que também é militante da extrema direita nas redes sociais — afirmou inicialmente que o print era “uma montagem”.
Ao ser questionado, porém, sobre o motivo de outros perfis bolsonaristas estarem divulgando a mesma mensagem, o advogado reconheceu que acreditou na informação recebida:
“Jornalistas me mandaram uma decisão fake e eu acreditei (…) Aí entrei no processo e vi que não tinha nada publicado”.
Advogados
Prints com a informação falsa sobre a prisão de Bolsonaro
A decisão falsa que circulou trazia linguagem semelhante à usada por Moraes em outros despachos, o que aumentou a crível aparência do material.
A advogada Flávia Ferronato, também ligada ao bolsonarismo, foi uma das primeiras a desmentir a informação, alertando que a decisão era falsa e que “até pessoas bem informadas” haviam sido enganadas.
A confusão provocada pela falsa decisão expõe mais uma vez a estratégia de inflamar a base ultradireitista com narrativas de perseguição judicial, mesmo que isso implique mentir sobre atos institucionais.
