Por Bruno Cirillo, do Forbes Agro – O pernambucano Guilherme Coelho produz 8 mil toneladas de manga e uva, por ano, nos 230 hectares da fazenda Santa Felicidade, em Casa Nova, município que fica nos arredores de Petrolina (PE) — banhada pelo rio São Francisco, a cidade forma junto à vizinha Juazeiro (BA) o maior pólo fruticultor do país. Principais produtos da região, as duas frutas geraram US$ 312 milhões (R$ 1,5 bilhão na cotação atual) e US$ 178,8 milhões (R$ 883,2 milhões) em exportações, respectivamente, em 2023. O crescimento de 52% e 57% das duas frutas na receita foi o resultado mais expressivo, dentre 30 itens deste segmento.
“O El Niño mexeu com todo o mundo e nossos concorrentes não tiveram produção no quarto trimestre. Então, nós nadamos de braçada nas exportações”, afirma Coelho, um dos grandes produtores locais e presidente da Abrafrutas (Associação Brasileira de Frutas e Derivados), com sede em Brasília e 92 associados, a maioria no polígono nordestino. “A cada 100 contêineres de manga exportados, 98 saem do Vale do São Francisco; na uva, são 95. O Vale é uma potência”, diz ele. Coelho é exemplo do perfil regional: exporta 60% do que produz e fatura, com isso, R$ 80 milhões por ano.
São poucos os lugares no mundo em que o agro do Brasil não se faz presente. O país embarca milhares de produtos agrícolas para 203 nações. A pauta de 1,9 mil itens e subitens com registro na Secex (Secretaria de Comércio Exterior) em 2023 dá uma dimensão da variedade de acordos em vigor — representam cerca de 40% do total de produtos agrícolas (agrupamentos, no termo técnico) registrados e em circulação no mundo, que é de 4,9 mil. A abertura de mercados para o agro, que foi recorde no ano passado, envolve a organização da produção interna, trabalho diplomático, feiras internacionais, trâmites logísticos, alfandegários e fitossanitários, que às vezes podem levar alguns anos para sair do papel.
[Continua no site]