Do DCM – A postura adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições municipais provocou divergências entre seus aliados, que, pela primeira vez, fizeram críticas públicas mais incisivas à sua estratégia.

O descontentamento foi liderado por figuras como o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e Ciro Nogueira, presidente do PP e ex-ministro da Casa Civil.

Malafaia, que sempre apoiou Bolsonaro com fervor e organizou manifestações com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), mostrou-se incomodado com o “jogo duplo” nas eleições de São Paulo. Apesar de estar oficialmente ao lado do prefeito Ricardo Nunes (MDB), o ex-capitão evitou criticar diretamente Pablo Marçal (PRTB), outro candidato que também buscava os votos da direita e que, por pouco, não chegou ao segundo turno.

No dia da votação, Bolsonaro afirmou em entrevista coletiva que apoiaria qualquer candidato que disputasse contra o deputado Guilherme Boulos (PSOL), o que gerou frustração em Malafaia, que esperava uma defesa clara de Nunes.

“Bolsonaro errou. Não há uma palavra de apoio a Nunes nas redes sociais dele ou dos filhos. Como pode um líder não dar uma orientação? Líder toma decisões e não se baseia em rede social. Bolsonaro acabou se tornando o maior cabo eleitoral de Marçal no dia da eleição, ao chamá-lo de inteligente. Ele deveria ter dito que Marçal não iria ao segundo turno porque o povo de São Paulo é honesto”, declarou Malafaia em entrevista à Folha de S. Paulo.

Em resposta, Bolsonaro tentou amenizar as críticas e afirmou que não guardaria ressentimentos do líder religioso: “Eu amo o Malafaia. Ninguém critica mulher feia. Ele ligou a metralhadora, mas isso vai passar.”

Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) expressou descontentamento com a exposição da crise, afirmando que as questões internas deveriam ser resolvidas em particular.

“Roupa suja se lava em casa, e não em público. O presidente Bolsonaro fez o que era necessário no momento certo, e foi fundamental para a disputa em São Paulo. Sem ele, Ricardo Nunes não estaria no segundo turno”, declarou Flávio em nota.

Carlos Bolsonaro (PL), no entanto, evitou confrontar Malafaia diretamente, mas afirmou que ele estava “atacando de forma injusta” seu pai. Ciro Nogueira, presidente do PP, também demonstrou insatisfação, especialmente pela falta de apoio de Bolsonaro a candidatos que não eram do PL.

“Bolsonaro errou. Ele tem o direito de escolher quem apoiar, mas ao limitar seus apoios apenas ao PL, excluiu muitos candidatos. O critério principal deveria ter sido se a pessoa votou nele em 2022, e não o partido”, declarou Nogueira.

No PP, o maior desconforto foi em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde o partido é liderado por Tereza Cristina, outra ex-ministra de Bolsonaro. Na cidade, o ex-presidente decidiu apoiar Beto Pereira (PSDB) e indicou Coronel Neidy para a chapa, que acabou em terceiro lugar. A aliança foi criticada por apoiadores de Bolsonaro, e o deputado federal Marcos Pollon (PL) chegou a se colocar à disposição para disputar a vaga pela sigla.

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