Do Fórum – Dois tenentes-coronéis das Forças Especiais – os chamados kids pretos – foram presos pela Polícia Federal (PF) na manhã desta terça-feira (19) no Rio de Janeiro, onde estariam participando da segurança das autoridades que se reuniram na cúpula do G20, que tem o presidente Lula como anfitrião.
Hélio Ferreira Lima e Rodrigo Bezerra de Azevedo, que atuam no Comando do Exército, foram presos juntamente com o general da reserva Mário Fernandes, o também tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, e o policial federal Wladimir Matos Soares, por planejarem o assassinato de Lula e Geraldo Alckmin, então presidente e vice-presidente eleitos, em 15 de dezembro de 2022.
O plano, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, previa ainda a prisão e o assassinato de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em meio à tentativa de golpe que estava sendo capitaneada por Jair Bolsonaro (PL).
“Entre essas ações, foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos. Ainda estavam nos planos a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado”, diz a PF em nota.
Ferreira Lima é militar da ativa e recentemente foi promovido ao posto de tenente-coronel, com salário bruto de R$ 27.450 por mês. Ele entrou no Exército em 1996 e é oriundo das Forças Especiais, onde se formam os chamados kids pretos.
Azevedo também foi promovido recentemente à mesma patente, com igual remuneração. Ele entrou no Exército em março de 1999 e fez carreira nas Forças Especiais.
Contragolpe
Os militares e o policial federal foram presos nas primeiras horas da manhã na operação “Contragolpe”, deflagrada pela PF após autorização de Moraes, no âmbito do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado no país entre o final de 2022 e início de 2023.
Segundo os investigadores, a organização criminosa mantinha um planejamento com o detalhamento de recursos que seriam necessários para a consumação do golpe de Estado e dos assassinados, e previa ainda a instalação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” que seria composto pelos próprios golpistas após as ações criminosas.
O grupo seria liderado pelo ex-comandante das Forças Especiais, general Mário Fernandes, que atuou como ministro-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República de Jair Bolsonaro (PL) e defendeu, na fatídica reunião ministerial de julho de 2022, “alternativas” antes das eleições.
“Eu acho que realmente nós temos que ter um prazo para que isso aconteça, e não… para que eles raciocinem que é importante avaliar essa possibilidade. Mas principalmente, pra que uma alternativa seja tomada, como o senhor bem disse, antes que aconteça”, afirmou na reunião, revelando que Bolsonaro comandava uma ação golpista.
Na ocasião, o general chegou a levantar indagação sobre um “64 de novo”, em relação ao golpe que levou à Ditadura Militar no país, e defendeu “conturbar o país” antes do processo eleitoral, vencido por Lula, em outubro daquele ano.
“Porque no momento que acontecer, o que vai acon… É 64 de novo? É uma junta de governo? É um governo militar? É um atraso de tudo que se avançou no país? Porque isso vai acontecer”, disse. “Então, tem que ser antes. Tem que acontecer antes, como nós queremos, dentro de um estado de normalidade. Mas é muito melhor assumir um pequeno risco de conturbar o país, pensando assim para que aconteça antes, do que assumir um risco muito maior da conturbação quando a fotografia lá for de quem a fraude determinar”, emendou.