Assisti a Barbie, o “filme do momento”, ao lado de Oppenheimer.

Assisti a Barbie com a pré-compreensão de que não iria gostar.

Antes de entrar no cinema, eu já estava constrangido com a grande quantidade de gente de rosa.

Não pela cor, evidentemente, mas sim por saber que o comportamento era fruto de uma ideologia de consumo de massa, direcionada, que manipula para lucrar, inclusive mediante a utilização de pautas de extrema importância, como o combate ao machismo estrutural.

“Os americanos não dominam o ocidente com tanques, mas com Madonna e Michael Jackson”, disse Ariano, certa vez, esquecendo de citar a Barbie.

Vamos ao filme.

Para quem gosta de cores, a fotografia da Barbielândia foi perfeitamente executada. Para quem não gosta, como eu, foi uma prisão.

A atuação Margot Robbie
e Ryan Gosling estão ótimas.

No roteiro, várias referências às versões da boneca e à secundariedade do boneco.

Na trama, questões relevantes, dentre as quais, justamente, a utilização da boneca Barbie como instrumento de dominação das mulheres, por meio de um ideal de beleza e perfeição inalcançáveis no mundo real.

O filme discute, também, as estruturas de poder da sociedade, cujas posições de decisão no “mundo real” são ocupadas, em sua totalidade, por homens.

Mas por que digo que inicialmente não gostei?

Achei o “mundo real” do filme meio irreal. Os homens, todos eles, ou eram idiotas misóginos ou ineptos para tudo. Ou os dois ao mesmo tempo.

Achei que o “mundo real” do filme, poderia ter representado o machismo estrutural de modo mais verosímil, não havendo necessidade de representar os diretores da Mattel como tão burros ao ponto de não saber pular uma roleta que batia na cintura.

Saí do filme com a sensação de que teve boas atuações, tratou de temas relevantes, mas que seria mais um produto do imperialismo cultural americano, o qual, até quando contesta a si mesmo, tem a finalidade de dominar para vender.

Passei a noite discutindo isso com amigos. Todos esses temas.

No dia seguinte, continue a discutir.

Em dado momento, percebi que há tempos não discutia tanto e tão intensamente sobre machismo estrutural e dominação cultural americana.

Tudo em razão do filme que, a partir daquele momento, passei a gostar.

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