Hoje ocorreu o que há tempos esperávamos: o início do cerco final contra o clã Bolsonaro.

Apesar disso, o assunto mais comentado da mídia de Natal foi a ocupação de um prédio abandonado.

Ocupação de terrenos ociosos para a sua utilização como moradia não é delito, é direito, cuja razoabilidade do exercício no caso concreto deve ser apreciada pela justiça.

O ponto que quero tratar aqui não se refere aos fatos em si, mas às capacidades da direita e da esquerda de criarem discursos sobre eles.

E nós fomos engolidos.

A repercussão positiva do cerco a Bolsonaro se restringiu aos setores tradicionalmente de esquerda, que repercutiriam a notícia sem nenhum esforço da classe política. Não houve repercussão na “massa natalense”.

Quanto aos discursos relacionados à ocupação, fomos tão engolidos que a grande maioria dos políticos de esquerda se constrangeu em defendê-la.

Os que defenderam, falaram para as bases mais fiéis, sem eco, mais uma vez, na “grande massa”.

É um tema delicado de se tratar em ano eleitoral.

A defesa pública da ocupação pode favorecer quem pretende disputar a proporcional, mas tende a causar rejeição para quem busca a majoritária ou, até mesmo, a proporcional.

O fato é que, para a massa natalense, que possui tendência conservadora (queiramos ou não), a narrativa da direita sobre a ocupação prevaleceu.

Além da estrutura de mídia bem maior que eles têm, souberam conduzir articuladamente a narrativa, instrumentalizando a ocupação para, a um só tempo, blindar a imagem de bolsonaro e induzir o aumento da rejeição à esquerda na “massa natalense”.

Ou apoiamos com estrutura os comunicadores de esquerda (dedico 9h do meu dia a outro trabalho para me sustentar) e começamos a fazer comunicação para viabilizar a disputa majoritária, ou seremos engolidos em outubro como fomos hoje.

Hoje a blogueiragem de direita se lambuzou.