Matheus Leitão/Veja – Jair Bolsonaro resolveu admitir a derrota da extrema direita e a vitória do PT em 2026. A análise do próprio ex-presidente é a seguinte: “o Lula, sem eu, ganha a eleição. Ele tem a máquina na mão e usa a máquina”, disse em entrevista a uma agência de notícias após ganhar a tornozeleira eletrônica, perder acesso às redes sociais e o direito de ir e vir à noite e nos fins de semana.

A realidade jurídica do líder da extrema direita brasileira é a mesma há muito tempo: ele está totalmente fora do jogo eleitoral de 2026 desde a inegibilidade imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral há dois anos. As pessoas esquecem, mas você leu direito: desde 2023.

Por que ele, então, mantém determinadas fake news como a de que é o candidato?

Bolsonaro mente insistentemente durante sua longa e opressora trajetória política. Continua abraçada a ela quando se pronuncia aqui e acolá, apesar de citar muitas vezes o versículo bíblico que trata de verdade e liberdade.

O apreço por elas nunca foram qualidades do político. Difícil, na verdade, é exercício de tentar relativizar o que sempre saiu de sua boca, mas uma parcela enorme da sociedade brasileira sempre fez isso.

Banalizou a dor dos torturados e mortos da ditadura, defendeu a morte daqueles que pensam de forma diferente dele, fez declarações homofóbicas e racistas, chacota da falta de ar na pandemia quando 700 mil brasileiros morreram. A lista de aleivosias continua. É enorme e cansativa.

Nas últimas semanas, Bolsonaro passou a mirar seus elogios, odes e honra àquele que impôs taxação arbitrária contra produtos brasileiros. Por serem baseada em números falsos e acusações mentirosas, combinam com Bolsonaro e o movimento político que ele lidera.

Na entrevista, o ex-presidente continuou: “Eu, apesar de tudo que está acontecendo contra mim, sou candidato”. Não, não é. Balela. Há muito tempo mantém a falaciosa candidatura para se manter no jogo. Mas esta é a primeira vez que afirma que, sem ele, a direita perderá a próxima eleição.