Brasil 247 – Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em declarações recentes que surpreenderam até seus aliados. A guinada no discurso, que vinha sendo contida por orientação de sua defesa, levou a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), a afirmar que o ex-mandatário pode estar “tentando ser preso por desobediência ao STF” para se vitimizar.
“Só pelas calúnias contra a Justiça e o processo eleitoral, em sua última live, Bolsonaro já merecia tomar uns bons anos de cadeia. Dizer que o TSE recebeu ‘dinheiro de fora’ nas eleições de 22 é ofensa inacreditável, mesmo na boca do Pai da Mentira”, escreveu a parlamentar nas redes sociais. Para Gleisi, Bolsonaro tenta desviar a atenção da denúncia que deve receber pela tentativa de golpe e pelo plano para assassinar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes.
Mudança de tom e riscos políticos – De acordo com a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o novo ataque do ex-presidente surpreendeu seus aliados, que até então buscavam evitar confrontos diretos com o STF. O movimento ocorre em um momento delicado: Bolsonaro deve ser julgado ainda este ano pela Corte, e a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve apresentar a denúncia contra ele nas próximas semanas.
A postura agressiva também destoa de sua estratégia recente. Nem mesmo em manifestações com apoiadores, ao longo de 2024, Bolsonaro havia voltado a avançar o sinal contra o sistema eleitoral. A expectativa de aliados era que ele seguisse cauteloso, tentando recuperar algum espaço no cenário político para reverter sua inelegibilidade.
Entretanto, um dos principais líderes partidários que o apoiam avalia que Bolsonaro se sente fortalecido pela queda de Lula nas pesquisas e, por isso, estaria cometendo deslizes estratégicos. Segundo essa análise, ele acredita que a mudança no humor do eleitorado pode ajudá-lo a reverter sua situação jurídica, o que explicaria a decisão de intensificar ataques a Alexandre de Moraes justamente às vésperas da denúncia da PGR.
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