A pesquisa ITEM divulgada nesta segunda-feira, 23, foi a primeira a registrar o movimento que já vinha sendo antecipado pela análise política: a fuga do eleitorado de Carlos Eduardo.
O movimento já era previsível em fevereiro, quando analisamos a pesquisa Sensatus para o Senado. Na ocasião, apenas 32% dos que tinham intenção de votar em Carlos Eduardo declararam também votar em Fátima Bezerra. Os dados evidenciam que o eleitorado de Carlos era ainda muito identificado com o bolsonarismo, ao qual aderiu no segundo turno de 2018.
Com o avanço das composições eleitorais ficando mais claro para os eleitores, parte do eleitorado anti-petista que vinha apoiando Carlos Eduardo se desloca. O que também explica o crescimento de Rogério Marinho, que aparece liderando a pesquisa ITEM de 23 de maio com 14,7% das intenções de voto.
Outro movimento decisivo para a derrocada em curso na pré-candidatura de Carlos Eduardo foi a emergência de um concorrente viável pelo campo da centro-esquerda, o deputado federal Rafael Motta. Carlos e Rafael aparecem numericamente empatados na pesquisa ITEM com 13,4% das intenções de voto cada.
O eleitorado de centro-esquerda rejeita a aliança petista com Carlos Eduardo, e tende majoritariamente a migrar para Rafael Motta à medida que sua pré-candidatura ao Senado vá se tornando mais conhecida.
A queda acentuada de Carlos Eduardo na pesquisas se explica por esse duplo movimento: o dos elitores de direita que se sentem traídos pela aproximação de Carlos com a esquerda, que é vista como uma aliança “eleitoreira”; e a rejeição da centro-esquerda a seu nome, cujos eleitores não confiam na conversão do ex-bolsonarista.
A tendência é que Carlos Eduardo tenha agora grandes dificuldades para voltar a crescer, o que teria de fazer pelo eleitorado de centro-esquerda que, ao que tudo indica, está aderindo em peso a Rafael Motta. Carlos Eduardo fez alianças que minaram sua credibilidade, e o eleitor, cada vez mais atento, está se afastando do ex-prefeito, que segue a caminho de ficar só no palanque.