ICL – A Taurus, fabricante brasileira de armas que bateu recordes de faturamento no governo Bolsonaro, viu suas ações despencarem após os EUA imporem uma sobretaxa de 50% sobre produtos nacionais. O impacto foi tão grande que seu CEO global, Salesio Nuhs, que até poucos meses celebrava Donald Trump, agora bate à porta do governo Lula em busca de ajuda. As informações são da colunista Malu Gaspar, do O Globo.
Em fevereiro, Nuhs participou de um vídeo do canal pró-armas Diário do Atirador, onde exaltou a vitória de Trump e previu que a empresa poderia crescer até 15% no mercado americano: “Estive aqui [nos EUA] em outubro do ano passado [antes da eleição] visitando alguns distribuidores e a expectativa para o ano de 2025 era ficar mais ou menos igual. Dois por cento para mais, dois por cento para menos. Hoje eu tenho distribuidores aqui falando em um crescimento de 15%. O que mudou? Mudou o presidente”.
Na mesma entrevista, o executivo afirmou que o discurso do republicano era “energizante”, declarou não querer a reeleição de Lula em 2026 e elogiou a política armamentista adotada por Jair Bolsonaro.
O otimismo era tanto que a Taurus havia decidido transferir sua principal linha de montagem para sua fábrica na Geórgia, nos Estados Unidos. Mas agora, com o “tarifaço” em vigor desde 7 de agosto, a companhia perdeu mais de R$ 200 milhões em valor de mercado e as ações caíram de R$ 6,81 para R$ 4,60.
Prejuízo na Taurus
Para dimensionar a gravidade do impacto da sobretaxa, um relatório do primeiro trimestre mostra que 90% das 236 mil armas vendidas pela Taurus foram destinadas ao mercado americano.
Agora com o prejuízo, Nuhs passou a buscar diálogo com o governo federal. Ele se reuniu com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para pedir medidas de compensação. Até agora, nenhum pacote específico foi anunciado.
Em nota, a Taurus disse não se arrepender das falas de seu CEO, argumentando que refletiam “expectativas legítimas” à época. A companhia ressaltou estar presente nos Estados Unidos há 43 anos e classificou a medida tarifária como prejudicial tanto para empresas brasileiras quanto para consumidores americanos.