Na época da faculdade de direito, pagando a matéria de filosofia, um professor nos fez ver Clube da Luta, o mais polêmico filme de David Fincher. A intenção era analisarmos no filme uma representação de niilismo, que, de modo bem resumido, seria uma corrente filosófica pessimista, contrária à busca por um sentido nas coisas ou na existência.

Clube da Luta é niilista do começo ao fim: uma crítica aos sentidos superficiais buscados numa sociedade hipócrita.

Mas é mais do que isso. Fincher também queria mostrar com crueza e visceralidade a natureza humana brutal que existe por baixo das aparências.

Em uma das cenas, o progatonista, cujo nome não se sabe e é interpretado por Edward Norton, desfigura o rosto do personagem de Jared Leto com socos seguidos. Perguntado o motivo pelo qual fez aquilo, responde apenas que queria destruir algo belo. Não pensou, não refletiu: só queria destruir.

A postura, infelizmente, é até bastante comum. Basta ver o episódio do Buraco Azul de Parnamirim. Pela beleza e raridade, passou até em rede nacional. Populares então, como o protagonista de clube da luta, não refletiram muito e partiram para a destruição. Não satisfeitos em destruir, ainda transmitiam ao vivo pelo Instagram.

O buraco azul turquesa agora é só uma água contaminada verde lodo. Não é mais raro, nem bonito. Está morto, para a alegria dos bárbaros. E ainda houve quem fizesse piada com a barbárie, como a página Todo Natalense, chamando de “buraco de suco verde”. Muitas curtidas, muitos compartilhamentos, para uma piada de péssimo gosto.

É como disse certa vez o filósofo Britânico Roger Scruton: “As coisas belas são dificilmente construídas, mas facilmente destruídas”.

Para a alegria dos bárbaros.

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