Por @silverioalvesfilho

Aproximando-se 2024, começam os debates acerca das candidaturas majoritárias e proporcionais no RN, com foco especial, por óbvio, em Natal e Mossoró. Mas há também o interior.

No interior do Estado, de um modo geral, as estratégias tendem a ser diferentes da capital: o discurso que “pega lá” muitas vezes não “pega cá”.

No interior, a maior fonte de renda e ocupação é o poder público. Em razão disso, os empregos e funções para apoiadores entram no tabuleiro de xadrez da política local. E isso é um desafio para a esquerda.

Historicamente, a força da esquerda está na criação liderança orgânica, espontânea, por meio da qual se milita, se luta e se debate, não por empregos ou serviços, mas por convicção política.

A postura tem mudado no interior em razão da conjuntura atual: pela primeira vez na história, o PT tem presidente, governadora, 3 deputados estaduais e 2 federais no RN. Em razão disso, naturalmente, as lideranças do interior passam a desejar mais espaços, empregos e serviços para utilizá-los no xadrez político local. Faz parte do jogo. Não há nada de errado nisso.

Porém, entendo que esta deveria ser uma estratégia acessória, não principal. Embora seja importante alocar aliados em empregos e funções (desde que dentro da lei), quanto mais isso passa a ser prioridade, mais se esquece da necessidade da liderança orgânica, e mais nos aproximamos do centrão.

Além das implicações ideológicas, deve ser observada a efetividade da estratégia: a conquista do voto pela aquisição de um espaço/emprego não tem a mesma segurança e estabilidade do voto de convicção.

Por isso, acredito que, a despeito da conjuntura atual, que proporciona às lideranças de esquerda mais espaço no poder público, o fortalecimento no interior para 2024 passa por um certo “retorno às raízes”, com a construção de estratégias que possibilitem um “apoio por convicção” como fundamento dos projetos políticos locais.