O principal problema da esquerda é o orgulho.
O orgulho está por trás dos principais gargalos progressistas atuais, da comunicação analógica ao afastamento das massas.
Isolamo-nos num mundo particular, em círculos acadêmicos e sindicais, e estamos perdendo o bonde da história.
Venho escrevendo aqui sobre o perigo de PM.
Nesta semana, escrevi que ele é mais perigoso do que Bolsonaro, porque Bolsonaro é o que é, já PM é o que estudou para fingir ser.
Mas houve quem dissesse que eu não deveria falar isso, pois PM seria irrelevante, e eu estava ajudando a dar publicidade a ele (raciocínio similar ao de quem diz que fazer xixi enquanto toma banho resolverá a seca no nordeste).
Ontem, 22, o DataFolha divulgou uma pesquisa na qual Boulos tem 23%, PM tem 21% e Nunes tem 19%.
A subida do PM é meteórica, e deixa eu dar um spoiler: os dois candidatos empatados tecnicamente com Boulos são apoiados por bolsonarista, logo a tendência é que qualquer um deles vença Boulos num eventual segundo turno, tendo em mente a transferência de votos.
Será que já podemos considerar a candidatura de PM e o seu modo de comunicação como assuntos relevantes a serem discutidos pela esquerda?
Ou continuaremos a fazer análises de conjuntura sob as lentes do orgulho?