Esquerda Diário – Pelo menos 550 palestinos foram mortos e 4.066 ficaram feridos enquanto buscavam alimentos e ajuda humanitária em “pontos de distribuição” administrados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelos EUA e por Israel, desde que começou a operar há quatro semanas, de acordo com o Gabinete de Imprensa do Governo de Gaza.

Os centros de ajuda humanitária da Fundação Humanitária de Gaza (GHF) começaram a operar na Faixa de Gaza no final de maio. As circunstâncias de sua criação e financiamento são obscuras: sabe-se que foram estabelecidos por Israel em coordenação com evangélicos americanos e empresas de segurança privadas. Seu atual diretor executivo é um líder evangélico próximo do presidente dos EUA, Donald Trump, e do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Os centros de distribuição normalmente ficam abertos por apenas uma hora todas as manhãs. De acordo com oficiais e soldados que serviram em suas áreas, as Forças de Defesa de Israel (IDF) atiram em pessoas que chegam antes do horário de funcionamento para impedi-las de se aproximar, ou novamente após o fechamento dos centros para dispersá-las.

“É um campo de batalha”, disse um soldado. “Onde eu estava alocado, entre uma e cinco pessoas eram mortas todos os dias. Eles os tratam como uma força hostil: sem medidas de controle de multidões, sem gás lacrimogêneo; apenas fogo real com tudo o que se possa imaginar: metralhadoras pesadas, lançadores de granadas, morteiros. Então, assim que o centro abre, os tiros param e eles sabem que podem se aproximar. Nossa forma de comunicação é o fogo cruzado.”

O soldado acrescentou: “Abrimos fogo de manhã cedo se alguém tenta se alinhar a centenas de metros de distância, e às vezes simplesmente atacamos à queima-roupa. Mas não há perigo para as forças.” Segundo ele, “não tenho conhecimento de nenhum caso de fogo de retorno. Não há inimigo nem armas.” Ele também disse que a atividade em sua área de atuação é conhecida como Operação Peixe Salgado, nome dado à versão israelense do jogo infantil “Luz Vermelha, Luz Verde”, popularmente conhecido na série “Round 6”.

Oficiais das Forças de Defesa de Israel (IDF) relataram que o exército não permite que o público, seja em Israel ou no exterior, veja imagens do que está acontecendo ao redor dos centros de distribuição de alimentos. Segundo eles, o exército está convencido de que as operações do FGH impediram o colapso total da legitimidade internacional para continuar a guerra. Eles acreditam que as Forças de Defesa de Israel (IDF) conseguiram transformar Gaza em um “quintal”, especialmente desde o início da guerra com o Irã.

Um oficial da equipe de segurança de um centro de distribuição descreveu a abordagem das IDF como profundamente falha: “Trabalhar com a população civil quando a única maneira de interagir é abrir fogo é, no mínimo, muito problemático”, afirmou. “Não é ético nem moralmente aceitável que as pessoas tenham que chegar, ou não chegar, a uma [zona humanitária] sob fogo de tanques, atiradores de elite e morteiros.”

“À noite, abrimos fogo para sinalizar à população que esta é uma zona de combate e que eles não deveriam se aproximar”, disse o oficial. “Em uma ocasião”, relatou ele, “os morteiros pararam de disparar e vimos que as pessoas estavam começando a se aproximar. Então, retomamos o fogo para deixar claro que eles não podiam. Eventualmente, um dos projéteis atingiu um grupo de pessoas.”

Essas declarações de oficiais israelenses, publicadas em um importante jornal israelense, demonstram e confirmam as alegações levantadas por organizações de direitos humanos ou mesmo a ONU, que foram descartadas como mentiras ou até mesmo campanhas antissemitas.

O que está claro é que o verdadeiro objetivo de Israel é continuar a limpeza étnica da população de Gaza, usando a fome como arma de guerra, o que é claramente um crime contra a humanidade, com o objetivo de forçar os moradores de Gaza a abandonar suas próprias terras e fugir para outros países como refugiados, controlando e ocupando, assim, toda a Faixa de Gaza.