Quem me acompanha sabe que meu principal objetivo é ajudar a elaborar uma atuação/comunicação política que seja efetivamente progressista, eleitoralmente combativa, assimilável pelas massas e apta à construção de um projeto popular liderado pelo carisma.
Penso que, por não acompanharmos as novas dinâmicas de comunicação, especialmente na última década, afastamo-nos das massas e, de certo modo, acomodamo-nos em ambientes “tradicionalmente de esquerda”.
Se de um lado ocupamos espaços institucionais e eleitorais nunca ocupados, progressiva e rapidamente perdemos poder no direcionamento do processo histórico, já que a direita seguiu avançando na comunicação, na moral e na (anti)cultura.
Pagamos o preço de confundir “ter mandato” com “ter poder”.
Como consequência, os espaços institucionais ocupados muitas vezes se tornaram meramente simbólicos, já que, fora deles, estávamos encurralados pela direita.
Tornamo-nos burocratas, inclusive na militância, sujeitos moralmente a defender pautas para manter nossos cargos ou pela mera compreensão fria de que era o “certo a se fazer”.
Esse modelo é falido, dentre outros motivos, porque nele não há paixão.
Nenhum movimento popular de grande porte existiu na história sem que houvesse paixão.
Não se criam movimentos de massa com teses sociológicas, abaixo-assinados ou atas de plenária.
Criam-se movimentos de massa com o carisma, aqui entendido como capacidade de exercício de influência/poder pelo convencimento.
E de todos os carismas nenhum deles é mais forte do que aquele que floresce regado a paixão.
A esquerda precisa lembrar disso.