Por Thales Schmidt, do DCM – Há muito mais entre Estados Unidos e Irã do que o futuro do Grupo B na Copa do Mundo. A disputa entre os dois países não se resume ao campo de futebol, mas é uma das mais tensas do cenário geopolítico mundial. Nessa disputa extracampo, entram em partida elementos como a hegemonia global, petróleo e os recentes protestos que são registrados no Irã.
Os dois países ocupam blocos geopolíticos opostos na arena internacional. Enquanto Teerã se alia com a China e a Rússia para enfrentar as sanções da Casa Branca contra sua economia, os Estados Unidos fazem uma pesada marcação para tentar frear o avanço tecnológico da China, paralisar o programa nuclear do Irã, além de que fornecem armas para a contraofensiva da Ucrânia em sua guerra contra a Rússia.
O Irã é alvo da cobiça internacional desde o século 20 por dois elementos: sua importância como produtor de petróleo e sua proximidade com o Estreito de Ormuz, ressalta o professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Reginaldo Nasser. O Estreito de Hormuz é um pequeno pedaço de oceano entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã que concentra um intenso trânsito de navios carregando petróleo e gás natural.
Nasser relembra que existem historiadores que apontam para a disputa política no Oriente Médio para explicar o surgimento da Guerra Fria, a disputa política e econômica entre Estados Unidos e União Soviética que definiu boa parte do Século 20.
“Já no limiar da Segunda Guerra Mundial, começou uma disputa de influência na região com a presença soviética e já aparecendo os EUA, então a questão dos EUA com o Irã é a consequência, em primeiro lugar, de uma transição em toda a região do Oriente Médio, e ali, vamos chamar a Ásia Central, que é a saída do Império Britânico, vai sair de uma vez, vai ser um poder decrescente, e os EUA um poder ascendente”, diz o professor da PUC-SP.
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