O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou a ser considerado um “ex-paciente” pelo médico Antônio Luiz Macedo. Em conversa com a coluna, o doutor Macedo —que operou Bolsonaro cinco vezes, incluindo quando ele levou a facada— relata que foi excluído pela família.
“Eu jamais neguei atendimento para ele, já o operei várias vezes em quadros graves (…). Mas, desta vez, não sei se é coisa da dona Michelle, mas provavelmente é coisa da esposa, e ela resolveu chamar outro grupo para atendê-lo”, afirmou.
Macedo afirma que ingratidão seria uma palavra pesada, mas disse que se sente desvalorizado. “Foi uma não valorização do meu trabalho”, disse.
“Ele virou um ex-paciente, sinceramente”, afirmou.
O médico relatou que nunca fez cobranças financeiras pelas cirurgias de Bolsonaro e que o único empecilho para atendê-lo seria fazer viagens a Brasília. “Eu não poderia ir para Brasília para ficar lá 15, 20 dias cuidando dele. Ele teria que vir para cá [São Paulo] para eu poder cuidar dele aqui, como foi sempre, né?”, afirmou.
Segundo o cirurgião, em casos como o de Bolsonaro, o acompanhamento médico e o prontuário passado são fundamentais. ” [O histórico] é muito importante, porque eu tenho noção nos meus prontuários de tudo o que ele teve desde a facada, até as obstruções intestinais. Ele teve de fazer uma colostomia, eu fechei a colostomia”, afirmou.
Macedo disse que o argumento da família para optar pela transferência de Natal para Brasília, e não para São Paulo, não é verdadeiro.
“Se ele não quis vir, preferiu ser operado lá [em Brasília]. Se para dona Michelle é mais fácil, tudo bem. O pessoal deve ter operado direitinho, e vamos torcer que tudo vai correr bem.”
Auxiliares de Bolsonaro dizem que Michelle de fato está concentrando as decisões da cirurgia e afirmaram que houve uma desconfiança com o cirurgião, que também foi responsável por operar a deputada Amália Barros. Ela morreu em maio de 2024, após uma operação para a retirada de um nódulo no pâncreas.
Sem falar do caso da deputada, Macedo disse que sempre fez o melhor possível pela saúde do ex-presidente.
“Se a família acha que não tem condição de ele vir para cá [São Paulo], o que não é verdade, paciência, mas, sempre que ele foi operado aqui, ele saiu bem”, afirmou. “Eu fiz o melhor, tentei fazer o melhor possível”, finalizou.