Por Yurick Luz, do DCM – A fake news, acompanhada da orientação de “repassar ao máximo”, enviado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao empresário Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, chegou às redes sociais em apenas 10 minutos, conforme apurou levantamento do professor da USP Pablo Ortellado, divulgado por Daniela Lima no G1.
De acordo com a pesquisa, o primeiro a replicar em rede social o texto do ex-mandatario foi o militar da reserva Ailton Barros, hoje preso por envolvimento na fraude de cartões de vacinação operada pelo tenente-coronel Mauro Cid.
Foram encontradas três publicações do post, minutos após a ordem de Bolsonaro para “repassar ao máximo” um texto com ataques a integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e fake news sobre urnas e pesquisas eleitorais.
A mensagem enviada por Bolsonaro também foi reproduzida pelo Cabo Gilberto Silva, postulante ao Senado pelo PL do Amazonas. O bolsonarista é investigado por suposto envolvimento nos atos terroristas de 8 de janeiro, além de não ser eleito no último pleito.
Bolsonaro fornece à PF senha do celular
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução
Nesta quarta-feira (23), o ex-capitão admitiu ter enviado a mensagem a Meyer Nigri. “Eu mandei para o Meyer, qual o problema? O [ministro do Supremo Tribunal Federal e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral Luís Roberto] Barroso tinha falado no exterior [sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara, em 2021], eu sempre fui um defensor do voto impresso”, disse Bolsonaro à Folha de S.Paulo.
Na decisão que ampliou as investigações sobre o disparo de mensagens com fake news a empresários, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, não deixou espaço para dúvidas de que o remetente foi mesmo o ex-chefe do Executivo:
“Há necessidade da continuidade das diligências, pois o relatório da Polícia Federal ratificou a existência de vínculo entre ele e o ex-Presidente Jair Bolsonaro, inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à Democracia e ao Estado Democrático de Direito”, escreveu Moraes.