Leonardo Lucena/Brasil 247 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, citou neste sábado (5) alguns detalhes da atuação da presidência brasileira do BRICS. O titular da pasta também prestou apoio a Dilma Rousseff, que preside o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco do BRICS. Ele aproveitou para destacar a importância de uma reforma no Fundo Monetário Internacional, ao dizer que é necessário “ampliar a voz dos países emergentes”. O FMI está sediado nos Estados Unidos.

“Gostaria de destacar três entregas marcantes da nossa Presidência: Primeiro, nós promovemos a participação dos novos países-membros dentro do BRICS. Estamos falando de alguns dos atores diplomáticos mais influentes do nosso tempo, de economias entre as mais dinâmicas do mundo e de potências demográficas e climáticas centrais para o desenvolvimento sustentável global”, afirmou Haddad afirmou Haddad na 1ª reunião dos Ministros das Finanças e Governadores de Bancos Centrais dos BRICS.

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“Com a presença de Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, o BRICS muda de dimensão. E, por isso, registro aqui meu agradecimento — com especial apreço — à presença dos seus representantes. Sejam muito bem vindos”.

O ministro também defendeu a importância da gestão de Dilma Rousseff como presidente do NDB. “Fundado em 2014, o Novo Banco de Desenvolvimento demonstrou notável capacidade de expansão em uma década. Sob a liderança da Presidenta Dilma Rousseff, a instituição ganhou nova dimensão geoeconômica. O Brasil entende que esta cúpula consolida o lugar do banco como formulador, coordenador e implementador de investimentos estratégicos e políticas públicas inovadoras em nossos países”, disse.

Em seu discurso, Haddad pediu uma reforma no Fundo Monetário Internacional. “Negociamos ainda um documento inédito: a ‘Visão do Rio de Janeiro para o FMI’. Trata-se de uma declaração que propõe um FMI mais representativo, refletindo a evolução da economia global. Juntos, podemos ampliar a voz dos países emergentes e em desenvolvimento no FMI. Podemos ainda promover uma governança mais justa e transparente dessa instituição que continua sendo fundamental como o centro da rede de proteção financeira global”.

Mais detalhes

O Brasil assumiu a presidência do BRICS em 1º de janeiro de 2025. É uma gestão rotativa e tem duração de um ano.

Guiada pelo lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, a Presidência Brasileira do BRICS em 2025 se concentra em duas pautas: (i) Cooperação do Sul Global e (ii) Parcerias BRICS para o Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental. No âmbito dessas prioridades, o Brasil propõe concentrar atenção política em seis áreas centrais:

A – Cooperação em Saúde Global: incentivar projetos concretos de cooperação entre as nações do BRICS para promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo em vários setores, particularmente na saúde, para garantir o acesso a medicamentos e vacinas; lançar a Parceria BRICS para a Eliminação das Doenças Socialmente Determinadas e Doenças Tropicais Negligenciadas;

B – Comércio, Investimentos e Finanças: considerar a governança e a reforma dos mercados financeiros, as moedas locais, e os instrumentos e plataformas de pagamento como meio de aumentar e diversificar os fluxos comerciais, financeiros e de investimentos; fazer avançar a Parceria para a Nova Revolução Industrial e adotar a Estratégia 2030 para a Parceria Econômica dos BRICS;

C – Mudança do Clima: adotar uma Agenda de Liderança Climática do BRICS, incluindo uma Declaração-Quadro dos Líderes sobre Financiamento Climático visando a orientar mudança estrutural no setor financeiro;

D – Governança da Inteligência Artificial: promover uma governança internacional inclusiva e responsável da inteligência artificial, a fim de destravar o potencial dessa tecnologia para o desenvolvimento social, econômico e ambiental;

E – Arquitetura Multilateral de Paz e Segurança: promover uma reforma abrangente da arquitetura multilateral de paz e segurança, a fim de garantir atuação eficaz no enfrentamento de conflitos, evitar catástrofes humanitárias e impedir a eclosão de novas crises; reconstruir a confiança e o entendimento mútuos, retomar a diplomacia e promover soluções pacíficas para conflitos e disputas;

F – Desenvolvimento Institucional: melhorar a estrutura e a coesão do BRICS.

Dados do grupo

Considerando os novos seis membros que entraram no grupo (Arábia Saudita, EAU, Egito, Etiópia, Indonésia e Irã), a participação do BRICS no PIB mundial (em PPP, a preços correntes) aumentou para aproximadamente 39% em 2023. As estatísticas foram divulgadas no site do BRICS.

Em 2024, o FMI projetou que todos os países do BRICS apresentaram crescimento econômico positivo, com taxas que variam de 1,1% a 6,1%; No comércio internacional, os países do BRICS respondem por 24% do total das trocas mundiais.

A corrente de comércio do Brasil com o BRICS totalizou USD 210 bilhões, representando 35% do total em 2024. BRICS foi o destino de USD 121 bilhões das exportações brasileiras, representando 36% do total exportado pelo Brasil em 2024, mostrou a ComexVis. O BRICS foi a origem de USD 88 bilhões das importações brasileiras, representando 34% do total importado pelo Brasil em 2024.

Os países do BRICS representam 48,5% da população do planeta e, em termos territoriais, aproximadamente 36% do total. Conforme a Agência Internacional de Energia, mencionada no site do BRICS, O grupo tem, ainda, cerca de 72% das reservas mundiais de minerais de terras raras, 43,6% da produção mundial de petróleo, 36% da produção mundial de gás natural e 78,2% da produção global de carvão mineral.

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