Daniel Costa/ Potiguar – Se tem uma coisa que anda pra lá  de Bagdá é  o jornalismo.  A sua dependência aos poderes político e econômico parece alcançar níveis explosivos. Com as vendas dos periódicos despencando por força da concorrência virtual, e sem conseguir se manter com a verba que sempre entrou via anúncios publicitários, a imprensa passou a ter uma espécie de dependência química do dinheiro público e do grande capital. 

 A conexão entre jornalismo, política e economia, que é coisa mais velha do que andar para frente, ganha contornos dramáticos, de pura sobrevivência. 

Já não se trata mais de pagar as parcelas do carro de luxo e a conta do restaurante do dono da “prensa”. Agora, o capital político serve para bancar a feira e a conta de luz. Consequência óbvia disso é que as notícias são publicadas ao sabor dos interesses de quem sustenta a existência do sistema de comunicação. As matérias são pautadas a partir de um só princípio: não desagradar ao gosto do “acionista majoritário”. De maneira que o ideal de imparcialidade se torna uma utopia no melhor estilo Thomas Morus. E o jornalismo acaba trabalhando com meias verdades, existindo, quase sempre, para desinformar. 

O pior é que isso é  apenas parte do problema. Essa interferência  do dono do dinheiro, no próprio  funcionamento  da mídia, tem contribuido para que o nível  dos jornalistas  desça ladeira abaixo. 

Não  se contrata mais jornalista pela sua capacidade  profissional, mas pela habilidade de defender, de forma contundente, os interesses  do chefe.

O que vale é  o sujeito ter boa  retórica  e causar polêmica. A qualidade  da informação  que se exploda. Daí  porque, é  cada vez mais comum se ver jornalista confundindo opinião  com achismo, produzindo debates mais rasos do que piscina  infantil.

 Mas existe uma diferença  entre o que se acha e o que a realidade  indica. Achar todo mundo acha. 

Há  quem ache, por exemplo, que asilo político  e anistia são quase as mesmas coisas…

 O jornalismo  minimamente  sério, porém,  precisa necessariamente ir além  disso, e se posicionar baseado em fatos, na realidade, com visão  geral dos acontecimentos, e não apenas em pré- julgamentos.  Caso contrário, ele será  completamente engolido  pelos Youtubers  da vida, especialistas  exatamente em  destilar seus “argumentos” com ar professoral, na base da retórica inflamada, mas facilmente  contestáveis. 

É  preciso urgentemente encontrar meios para acabar com esse jornalismo de qualidade zero, que tem grassado aqui e alhures.

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