“Tudo faz para que não haja transparência (…), para eleger o Lula de forma não aceitável” diz Bolsonaro mais uma vez atacando a legitimidade do sistema eleitoral brasileiro, sistema esse que o elegeu, além de se manter nutrindo as especulações sobre o mal funcionamento das urnas eletrônicas e atacando também o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nesta segunda-feira, dia 6, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) deu a declaração de que seria “impossível” uma eleição em que ele “não ganhasse no primeiro turno”.
Além de sugerir também a hipótese de integrantes da Corte contabilizarem votos nas eleições com base em preferências pessoais. Edson Fachin, para ele, teria agido em benefício da eleição pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
“São três ministros que não querem transparência nas eleições. Eu não ataco a democracia.”
“No meu tempo, lá atrás, ganhava a eleição quem tinha voto dentro da urna. Agora, parece, quero que esteja errado, é um direito meu desconfiar, espero que não ganhe as eleições quem tem amigo para contar o voto dentro do TSE”
“Obviamente, no meu entender, para eleger o Lula de forma não aceitável. Espero que nada demais aconteça. Estamos trabalhando para que flua com normalidade as eleições”,
“Ô, ministros Fachin, Barroso e Moraes: pelo que se vê nas ruas comigo, é impossível não ter segundo turno ou eu não ganhar no primeiro turno”, declarou ele
“Ou seja, um tremendo desgaste para tirar Lula da cadeia, está à frente do TSE e tudo faz para que não haja transparência, obviamente, no meu entender, para eleger o Lula de forma não aceitável”, completou o presidente.
Ele voltou a defender durante esta mesma entrevista pautas de seu governo como a exploração mineral em terras indígenas e o armamento da população, além da crítica a possível aprovação de um novo entendimento sobre o marco temporal dentro do Supremo Tribunal Federal (STF).
A técnica no discurso do presidente está baseada em deslegitimar o processo eleitoral democrático, embora tenha sido eleito através dele, sem o interesse verdadeiro em transparência, afinal “Todo mundo que está ali no Congresso, inclusive o próprio Bolsonaro, ganhou a eleição com as regras do jogo que existem hoje. O voto impresso coloca certa imprevisibilidade no sistema”, explica o cientista político e analista Carlos Melo, professor do Insper.
Anteriormente já foram utilizadas instituições públicas no processo de divulgação de informações falsas na propaganda contra urna eletrônica.
“E para que serve agora esse debate sobre imprimir o voto, no Brasil? É claramente um paralelo com os EUA, onde a nova direita age em várias frentes questionando princípios da democracia. Aqui a brecha para questionar o resultado eleitoral vai ser a urna eletrônica”, define o cientista político Bruno Speck, professor da Universidade de São Paulo (USP).
Os militares, que tanto defendem a transparência, não parecem se preocupar com a mesma quando se trata das Forças Armadas.
Foto: Marcos Corrêa