Como já antecipamos aqui, o Debate Potiguar vai publicar uma série de análises sobre a montagem das nominatas para as eleições proporcionais de outubro. Neste primeiro artigo, falaremos das chapas para deputado estadual e deputado federal do MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
As novas regras eleitorais pegaram desprevenidos muitos partidos que não se preparam a tempo para uma disputa na qual estão vetadas as coligações, existem novas cláusulas de barreira e ainda por cima se incrementou com o advento das federações partidárias.
O MDB potiguar foi um dos que mais sentiu o peso das mudanças. Vejamos…
A chapa de federais do partido deverá sofrer muito com a saída de Henrique Alves. Serão necessários cerca de 207 mil votos para eleger diretamente um deputado federal e 165,6 mil para disputar as sobras (ver explicação detalhada aqui). A chapa de federais do MDB conta com um único candidato com plenas condições de ultrapassar a cláusula de barreira para candidatos e se tornar elegível: Garibaldi Alves. A segunda candidata com maior potencial de votos na chapa é Kaline Amorim, esposa do deputado estadual Bernardo Amorim. Dificilmente ela ou qualquer outro nome da chapa medebista alcançará os 41.400 votos exigidos para se tornar elegível.
Garibaldi, mesmo que supere os 80 mil votos, precisará de 8 bons batedores de esteira para disputar ao menos uma sobra. Cabe reforçar que mesmo para ser suplente há uma barreira que deverá ficar em torno de 20,7 mil votos. A motivação dos candidatos que deverão ficar abaixo desse ponto de corte certamente será menor, e o MDB nacional deverá priorizar os recursos do fundo eleitoral para estados com maiores chances de eleger deputados federais, que é o que conta na distribuição de recursos.
Já na chapa para estadual a situação é inversa. Com o quociente na casa de 77 mil votos, o MDB tem garantida sua primeira vaga e disputará com grandes chances uma segunda. E o mérito seja dado a quem o tem. Álvaro Dias, prefeito da capital, foi quem conduziu a formação da chapa do MDB para deputado estadual. Com isso, garantiu a eleição de seu filho, Adjuto Dias, que facilmente superará o ponto de corte de 15,4 mil votos para deputado estadual.
A chapa estadual do MDB tem ainda dois nomes que poderão ultrapassar o ponto de corte e disputar uma eventual segunda vaga: Isaac da Casa, vice-presidente da Câmara Municipal de Mossoró e vereador mais votado da cidade em 2020; e Yara Costa, ex-secretária de Direitos Humanos da Prefeitura de Natal. A chapa ainda conta com bons batedores de esteiras que possuem plenas possibilidades de se qualificar à suplência, com o ex-vereador Dagô e Sheila Freitas.
Se a direção do MDB não fez o dever de casa para garantir a eleição de seu principal líder, Garibaldi, o prefeito Álvaro Dias o fez por eles, ao menos na chapa de estadual. As movimentações das “prévias” no MDB praticamente colocaram Garibaldi fora da disputa e Adjuto Dias na Assembleia Legislativa.