O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Norte produz uma variedade de produtos, que vai do feijão às frutas, tendo entregue durante a pandemia café, arroz e mais em parceria com outros Estados. Ainda no interior e na região metropolitana de Natal, o movimento está em processo de construção de três agroindústrias para levar os alimentos do campo para as cidades.

Tradicionalmente, os sem-terra utilizam a agroecologia em seu modo de produção, contrário ao agronegócio e agrotóxicos.

“A forma que o MST produz tanto nos assentamentos como nos acampamentos é utilizando agroecologia não só como uma matriz tecnológica, mas como uma forma de vida”, diz Érica Rodrigues, da direção estadual do movimento.

“A agroecologia não é só o cuidado com que você vai comer, de não utilizar agrotóxico, não utilizar veneno, mas também o cuidado com o meio ambiente, com a vida, com os seres humanos”, aponta.

Nas agroindústrias, com duas em implantação em Ceará-Mirim e uma em Pureza, outros alimentos orgânicos serão produzidos em breve.

“Uma é do beneficiamento do milho para fazer o fubá, a farinha de milho, outra do beneficiamento da macaxeira que é para fazer macaxeira embalada a vácuo, e também tem outra que é do beneficiamento da fruta, para fazer polpa de fruta, frutas descascadas, doces”, comenta Rodrigues. Os projetos são implementados dentro dos próprios assentamentos do grupo.

Comida nas escolas

De acordo com a dirigente do movimento, durante os governos Temer e Bolsonaro as políticas públicas do campo foram quase extintas. Ela cita iniciativas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

“São políticas que foram conquistadas pelos movimentos do campo de incentivo à produção, porque a reforma agrária não é só acesso à terra”, diz.

“É o acesso a políticas que façam com que as pessoas permaneçam na terra, porque sem isso não tem como produzir. Então esses recursos foram sucateados, quase que deixaram de existir nos últimos períodos, mas mesmo assim as famílias nunca deixaram de produzir tanto para auto sustentação como para doação e para comercialização nas feiras”, continua.

Já no RN, de acordo com Erica, a situação foi diferente devido a abertura com o governo Fátima Bezerra (PT).

“O MST no Estado entregou nos últimos períodos leite, café, arroz nesse projeto do PNAE, em compras governamentais para serem distribuídas em escolas e hospitais”, elenca.

A variedade vai além:

“Na pandemia a gente produziu muita hortaliça, muita fruta, teve muita produção de milho, feijão, fruta. Em alguns assentamentos a gente tem casas de mandioca, que faz a farinha, goma, e daí comercializam nas feiras municipais”, explica.

Em 2017, o MST se tornou o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Foram 27 mil toneladas produzidas em 22 assentamentos diferentes e envolvendo 616 famílias do Rio Grande do Norte. Nacionalmente, o movimento ainda é referência na produção de leite, uva, suco de uva e até chocolate orgânico, que é exportado para China, França e outros países.

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