Tenho escrito muito sobre a necessidade de reformular a comunicação de esquerda, a fim de adequá-la ao que chamo de “nova dinâmica das redes”.
Escrevo sobre isso há mais um ano, embora o tema só esteja sendo discutido nacionalmente agora, em razão da atuação de Pablo Marçal na campanha de São Paulo.
Hoje, 28, o amigo Lucas Fagundes escreveu um artigo para o blog sobre a questão. Duas frases que me chamaram atenção: “para todo problema complexo existe sempre uma solução simples, elegante e completamente errada” e “não são as melhores ideias que vencem, mas aquelas que se espalham”.
Ambas refletem bem a atual “dinâmica das redes”.
Em razão de um certo orgulho, nos últimos tempos a esquerda passou a não fazer questão de ser compreendidas pelas massas, como se “ter razão” bastasse.
Ocorre que, nas disputas de poder político, especialmente numa democracia, pouco adianta termos razão se o povo não compreender que temos razão.
Pessoas como Marçal vêm espalhando soluções simples e carismáticas para problemas complexos, soluções que, embora inviáveis na prática, vêm sendo tidas pelas pessoas como corretas, pelo como são comunicadas.
“Há, mas então temos que ser como Marçal e só valar besteira em nome do poder?!”, contestou-me um companheiro.
Claro que não! Mas com certeza precisamos dar um jeito de mostrar às pessoas que nós temos a razão numa era em que elas, gostemos ou não, tendem a não se interessar mais pela opinião exposta em manifestos, plenárias e trabalhos acadêmicos.
Não precisamos mudar o conteúdo, mas, certamente, devemos modificar a forma.
Caso contrário, cada vez mais conversaremos apenas com nós mesmos, enquanto caminhamos rumo à extinção.