ICL – Por Cleber Lourenço

A crise no PL com a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos se intensificou na terça-feira (22), quando a senadora Margareth Buzetti (PSD-MT) fez críticas contundentes ao deputado. A senadora concedeu a entrevista nos jardins do Palácio Paiaguás, sede do governo de Mato Grosso, onde ela havia se reunido com o governador também bolsonarista Mauro Mendes — o que dá ainda mais peso para a declaração de Buzetti.

“Um abuso o que o Eduardo Bolsonaro tá fazendo lá nos Estados Unidos, com o país e com o pai dele. A culpa do Bolsonaro estar de tornozeleira é desse moleque. Ele falou em vários, vários, vários vídeos dizendo que era ele que estava negociando, que ia ter tarifa. Sim. O que que adianta mudar agora? Tá gravado”, disse a senadora, em referência à ofensiva comercial articulada por aliados de Donald Trump e endossada por Eduardo.

A senadora acabou vocalizando publicamente o que pensam alguns membros do PL e que, se sentiram contemplados pela fala da senadora.

A declaração expôs uma fissura já latente na cúpula do partido. Lideranças mais antigas e políticos experientes do PL, ouvidos pelo ICL Notícias, descrevem a situação atual como a de um “trem descarrilhado”. Um dirigente do Rio de Janeiro relatou que há dificuldade em coordenar uma estratégia e que a legenda “não consegue mais definir para onde vai”.

PL: atuação de Eduardo agrava imagem do partido

Internamente, a meta de formar uma bancada robusta no Senado em 2026, alardeada por Valdemar Costa Neto até recentemente, já dá lugar a conversas mais pragmáticas. O tom agora, segundo interlocutores, é de sobrevivência política: a preocupação passou a ser manter o tamanho atual do partido nas próximas eleições diante do desgaste crescente do bolsonarismo e dos entraves judiciais de Jair Bolsonaro.

Para um líder regional, o partido “perdeu o manche” e caminha sem direção, reagindo a crises e sem articulação clara no Congresso. A atuação isolada de Eduardo, avaliam essas lideranças, só agrava a imagem de um partido dividido e desorientado.

Margareth Buzetti foi a primeira voz a tornar públicas as críticas, mas outros parlamentares, nos bastidores, já consideram que Eduardo tem exposto o PL a constrangimentos desnecessários ao assumir protagonismo sem respaldo do comando do partido.

A direção nacional do PL ainda não comentou oficialmente as declarações de Buzetti nem os questionamentos internos sobre a estratégia para 2026.

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