Brasil 247 – Um novo áudio divulgado pela Polícia Federal adiciona mais elementos à investigação sobre a suposta trama golpista após as eleições de 2022, ao revelar que o general da reserva Mário Fernandes discutiu possíveis datas para um golpe de Estado com o então presidente Jair Bolsonaro (PL).

As gravações, segundo a coluna de Fabio Serapião, do portal Metrópoles, foram enviadas ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então mandatário, em 8 de dezembro de 2022 – após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas. As mensagens sugerem que Bolsonaro teria mencionado que a diplomação do presidente eleito, marcada para o dia 12 daquele mês, “não seria uma restrição” para qualquer ação planejada pelo grupo.

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“Mas, porra, a gente não pode perder oportunidade. São duas coisas. A primeira, durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo”, diz Fernandes na mensagem enviada a Cid, de acordo com a reportagem.

O general da reserva, que ocupava o cargo de secretário-geral substituto da Presidência da República, demonstra no áudio preocupação com o momento ideal para a ação e pede que Cid repasse algumas considerações a Bolsonaro. “E aí, depois, meditando aqui em casa, eu queria que, porra, de repente você passasse para ele dois aspectos que eu levantei em relação a isso. A partir da semana que vem, eu cheguei a citar isso para ele”, afirma.

Entre os pontos levantados por Fernandes estava a possibilidade de os protestos que ocorriam em frente aos quartéis e instalações militares pelo país se intensificarem ou perderem força. “Das duas, uma. Ou os movimentos de manifestação na rua ou eles vão esmaecer ou vão recrudescer. Recrudescer com radicalismos. E a gente perde o controle. Pode acontecer de tudo. Mas podem esmaecer também”, explica o general.

Para a Polícia Federal, as mensagens são evidências da proximidade entre Fernandes e Bolsonaro e das articulações para consumar um golpe de Estado. No relatório final do inquérito da trama golpista, a corporação destaca que o áudio demonstra “sua proximidade com o então presidente da República e as tratativas para consumar o golpe de Estado”, com Fernandes descrevendo “seu encontro com Jair Bolsonaro e a sugestão para uma ação no período mais breve possível”.

Mário Fernandes foi preso preventivamente em novembro de 2024 durante a Operação Contragolpe. De acordo com as investigações, ele estaria envolvido não apenas nas tratativas para impedir a posse de Lula, mas também em um suposto plano para assassinar o presidente eleito, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

Na semana passada, o general, assim como Mauro Cid e Jair Bolsonaro, foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado formalmente pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de organização criminosa e golpe de Estado. Ao todo, 34 pessoas foram denunciadas pela PGR por envolvimento na trama golpista.

A denúncia da PGR, aceita pelo ministro Alexandre de Moraes, representa o primeiro processo criminal contra o ex-mandatário desde que ele deixou o cargo e marca um capítulo decisivo nas investigações sobre os eventos que antecederam os ataques de 8 de janeiro de 2023 às sedes dos Três Poderes. Ainda conforme a reportagem, as defesas dos envolvidos não se manifestaram sobre o caso.

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