Por Jana Sá, do Saiba Mais – A luta para que as famílias brasileiras tenham direito a um “Natal Sem Fome” conquistou, neste sábado (9), 6 mil cestas básicas. Campanha organizada há mais de duas décadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocupou unidades da rede de supermercados Carrefour em 18 estados do Brasil. No Rio Grande do Norte, mais de 300 famílias das ocupações urbanas permaneceram por mais de 9 horas na unidade da Zona Norte de Natal.
Trabalhadores e trabalhadoras, mulheres, crianças e idosos integravam as mobilizações em todo o país. É o caso de Maria Lúcia de Lima, 65. Há três anos, a vendedora ambulante e sua família se organizaram junto a outras 35 famílias da Ocupação Emmanuel Bezerra.
“A gente resolveu procurar o MLB pra lutar e conquistar uma casa, uma moradia digna”, afirma Maria Lúcia ao dizer do orgulho em integrar o movimento.
A ação da qual Maria Lúcia participou neste sábado acontece depois do MLB ter protocolado solicitações de reunião com a empresa e faz parte de uma mobilização nacional que reivindica a garantia de uma alimentação digna às famílias pobres.
“Numa época em que para alguns é comum a mesa farta e presentes nas reuniões familiares, A Campanha Natal Sem Fome do MLB faz a denúncia que grande parte das famílias brasileiras terá um Natal com fome ou sem a certeza da refeição”, alerta Marcos Antônio coordenador do MLB no Rio Grande do Norte.
Marcos Antônio coordenador do MLB no Rio Grande do Norte
Segundo dados do relatório FAO de 2021 e da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), enquanto 125 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar, quando não há a garantia de que terá o que comer na próxima refeição, quase 13 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados por ano no Brasil.
“Por que as grandes redes de supermercado não colocam esses alimentos que vão jogar fora para doação, para os movimentos sociais, para as ONGs, para as instituições de caridade?”, questiona Marcos.
Segundo ele, a ocupação à rede de supermercados denuncia o desperdício de alimentos nestes estabelecimentos e os crimes de racismo e homofobia registrados nestas unidades nos últimos anos.
“O Carrefour carrega nas mãos o sangue de João Alberto, homem negro que foi espancado e asfixiado até a morte em uma loja da rede em Porto Alegre. E quem não se lembra do caso do Seu Moisés, promotor de vendas do Carrefour de Recife, que faleceu durante o trabalho e teve seu corpo coberto por guarda-sóis até o fim do expediente?”, recorda o MLB em postagem nas redes sociais.
Com palavras de ordem, as famílias denunciaram, ainda, o apoio da empresa aos ataques de Israel contra o povo palestino.
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