Os Institutos de Pesquisa são importantes numa campanha eleitoral. Não votam, mas podem, por meio dos seus números, induzir os rumos da disputa, criando “fatos novos”.
Ontem à noite eu tive um sonho.
No sonho, eu era o dono de um importante instituto de pesquisa do RN.
Certo dia, numa certa campanha que poderia mudar os rumos de Natal, eu me reuni com mais 3 ou 4 donos de institutos de pesquisa (não lembro ao certo) para formarmos um cartel em todo o RN.
Caso um político contratasse uma pesquisa de um daqueles cinco institutos, os demais fariam levantamentos no município sempre dentro da margem de erro do primeiro instituto.
Assim, o candidato escolhido pelo cartel teria plenas condições de criar uma narrativa sólida sobre sua campanha, já que eram cinco (ou quatro, não lembro) institutos apresentando o mesmo cenário (considerando a margem de erro).
“Mas precisamos também de uma mídia amiga. O candidato não quer só os números bons, ele quer a narrativa sobre os números bons!”, disse eu na reunião do sonho.
Então entramos em contato com blogs e rádios da capital.
Nós captávamos os políticos com dinheiro e indicávamos os blogs para divulgarem os levantamentos. Todo mundo ganhava!
E o melhor, nem a polícia nem o Ministério Público tinham ferramentas para combater um cartel desses!
Quem ousava discordar dos números, processávamos. Todos críticos sucumbiam ao poder da nossa estrutura financeira, jurídica e midiática.
Quando estava prestes a ganhar muito dinheiro, enganando as pessoas com meus números mágicos sobre a eleição da capital, minha esposa bateu a porta do quarto, e eu acordei assustado.
Pensei que fosse a polícia vindo me pegar.
Porque ela demora, mas um dia sempre chega.
Todo império um dia cai.