Dafne Ashton/Brasil 247 – Em entrevista concedida ao Boa Noite 247, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, afirmou que os preços dos alimentos no Brasil já começaram a cair. Segundo ele, a redução é resultado de uma série de medidas adotadas pelo governo federal, incluindo estímulos à produção, contratos de opção de compra e o uso de cultivares adaptadas a terras altas.
“Os alimentos já tão baixando. Por exemplo, você vai no supermercado e vai encontrar o arroz tipo um a R$ 24, 5 kg. Evidentemente, se você quiser um arroz tipo um de marca, etc., vai pagar mais. Mas você já tem de 5 kg a R$ 24, R$ 23, R$ 22, R$ 21”, afirmou o ministro.
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Teixeira explicou que a saca do arroz, que chegou a R$ 90, agora está em R$ 70, impulsionada por novas cultivares desenvolvidas pela Embrapa e por mecanismos de garantia de preço mínimo, como contratos de opção. Ele também antecipou a reativação dos estoques públicos para evitar oscilações drásticas no mercado interno.
“Nós fizemos também contratos de opção para compra de arroz e agora o próximo passo nosso é fazer estoque. Portanto, o arroz já baixou. O feijão baixou também. A batata baixou. Você tem também uma baixa nas carnes. Você já encontra carnes mais baratas do que no período anterior.”
Segundo Teixeira, a elevação dos preços de alimentos registrada anteriormente decorreu, em grande parte, da alta do dólar. Ele mencionou o impacto cambial provocado pela eleição de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos em seu segundo mandato, que, segundo o ministro, tem gerado instabilidade econômica global.
“O dólar tava a 5,70 e passou para 6,30 quando o Trump se elegeu. Nessa subida do dólar, todos os insumos que são comprados em dólar, como fertilizantes, defensivos, embalagens, acabam refletindo no preço.”
Apesar da recente valorização do real, o ministro manifestou preocupação com a volatilidade cambial. Segundo ele, a instabilidade afeta diretamente o preço dos insumos agrícolas e dos produtos exportáveis, como grãos e carnes.
“Com o câmbio subindo, isso é problemático pro Brasil. Aí tem um perigo que nós vamos ter que monitorar e ver o que fazer diante dele.”
Entre os alimentos que ainda não acompanharam a tendência de queda, Teixeira citou os ovos, o cacau e o café. No caso dos ovos, a demanda aumentada no período da Páscoa pressiona os preços. Já o cacau e o café foram impactados por crises climáticas, como a quebra de safra no Vietnã e os anos consecutivos de seca no Brasil.
“Os ovos têm muitas razões para estarem a esse preço. A tendência é que diminuam depois da Páscoa. O chocolate tá alto e, na Páscoa, esse é um problema. E o café, porque teve crise climática. Foram quatro anos horríveis para os cafeicultores.”
O ministro também comentou ações do governo voltadas a assegurar que a produção de assentamentos da reforma agrária chegue às cidades e combata a insegurança alimentar. Ele citou o fornecimento de assistência técnica por instituições como a USP (Esalq) e a UFSCar e o investimento em genética animal por meio de convênios com universidades.
“Nós estamos fazendo programas de fazer com que esses assentamentos tenham as melhores tecnologias, agroecologia para produção de alimentos saudáveis e orgânicos, e também acesso às altas tecnologias e máquinas disponíveis.”
Paulo Teixeira concluiu a entrevista reforçando o papel das políticas públicas na redução de preços e no fortalecimento da agricultura familiar, e alertou para a necessidade de vigilância frente aos impactos cambiais e geopolíticos que podem reverter o cenário positivo.