Do Brasil 247 – A economia brasileira tem surpreendido com resultados mais robustos do que o previsto, e o Ministério da Fazenda deverá anunciar em setembro a elevação da projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024, que pode alcançar entre 2,7% e 3%. Atualmente, a projeção oficial da Fazenda está em 2,5%, mas, diante dos dados positivos mais recentes, o ministro Fernando Haddad indicou que uma revisão para cima está praticamente assegurada.
A decisão de revisar a estimativa se baseia em uma série de indicadores econômicos que superaram as expectativas do mercado. Em junho, por exemplo, a produção industrial registrou um crescimento de 4,1%, bem acima da projeção de 2,7%. Esse cenário de aquecimento se estendeu ao setor de serviços, que também apresentou resultados surpreendentes. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o segmento de serviços cresceu 1,7% em junho em comparação a maio, com destaque para o setor de transportes, cuja alta foi a maior desde 2022. O mercado, que previa um crescimento de 0,8%, foi surpreendido pelo resultado expressivo.
Eesse desempenho positivo já levou diversas instituições financeiras a revisarem suas previsões de crescimento para 2024. O Bradesco, por exemplo, elevou sua projeção para 2,3%, com viés de alta, após observar que o crescimento da receita de serviços em junho indicava um PIB em ritmo semelhante ao do primeiro trimestre do ano.
Economistas como Guilherme Sousa, da Ativa Investimentos, e Igor Cadilhac, do PicPay, também revisaram suas expectativas. Sousa, sem esperar pelos resultados das vendas no varejo de junho, já aumentou sua projeção de crescimento do PIB para 2,3%. Cadilhac, por sua vez, aguarda os resultados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) para realizar uma reavaliação, mas admite que o bom desempenho recente da economia pode levar a uma revisão positiva.
Ainda segundo a análise do Bradesco, a economia brasileira tem mantido seu dinamismo no início do terceiro trimestre, como indicado pela Pesquisa Empresarial realizada pela instituição. Isso reforça a percepção de que o crescimento econômico pode ser ainda maior do que o inicialmente previsto.
Stéfano Pacini, economista do FGV Ibre, destaca que a melhoria disseminada por todos os segmentos do setor de serviços em junho foi um dos fatores para o desempenho acima do esperado. Ele argumenta que, com a continuidade dos bons resultados em emprego e renda, aliados a uma inflação controlada, há espaço para uma melhora econômica ainda mais significativa no segundo semestre.
Vale lembrar que a última revisão oficial da projeção de crescimento do PIB foi realizada em maio pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda. Na ocasião, a estimativa foi elevada de 2,2% para 2,5% para 2024, impulsionada pela absorção doméstica, com consumo e investimento, além do setor externo. Naquele momento, a previsão para 2025 foi mantida em 2,8%.
A expectativa agora é que a nova revisão, em setembro, reflita não apenas o bom desempenho recente, mas também o impacto da recuperação do Rio Grande do Sul, que poderá ser um fator crucial para o crescimento mais robusto do PIB brasileiro em 2024. Com isso, a economia do país segue em uma trajetória de recuperação, com sinais cada vez mais claros de que o crescimento pode atingir a faixa de 3% no próximo ano, sem criar pressões inflacionárias.