Hoje aconteceu algo inusitado.
Comecei vendo a execução da belíssima música “A noite do meu bem”, gravada por Dolores Duran há mais de 60 anos, e terminei com a lembrança de Mefistófeles, o capiroto de Goethe. Calma, explico.
A governadora Fátima Bezerra publicou em suas redes sociais um vídeo no qual toca violão, enquanto sua irmã, Maria da Conceição, canta o clássico de Doleres Duran.
Um certo momento de paz, ao qual todos têm direito, especialmente aqueles que vivem numa constante turbulência, como deve ser a vida da governadora de um Estado.
Para além do bom gosto musical, o vídeo é uma aula de comunicação política no contexto das “novas mídias”: quem critica o vídeo, já não gostava da governadora; quem dela gosta, compartilha, comenta e curte o vídeo; quem a ela era indiferente, talvez se conecte com ela pela sensibilidade do momento. Tudo isso com o engajamento extraordinário que esse tipo de mídia proporciona para o perfil de Fátima: vai passar de 150 mil visualizações.
Mas o que me chamou atenção mesmo foi a IRA SANTA do profeta do caos, o colega Gustavo Destemperado Negreiros.
Como de costume, caiu em cima da governadora por causa do vídeo.
Não poderia a governadora ter bom gosto musical? Não poderia ter um momento de lazer com a família? Porventura a seriedade do trabalho presume a ausência de divertimento?
Talvez Gustavo pense que sim. Talvez por isso tenha tanta raiva. Talvez ache que melhor do que a arte seja a destruição raivosa da arte, assim como parece pensar que o caminho adequado para a gestão pública é a agressão pública.
E essa postura “Negreiresca” em face de uma música tão singela lembrou-me Mefistófeles, o capiroto de Goethe, para quem do mal poderia surgir algo bom.
Assim ele se apresenta a Fausto: “Eu sou uma parte dessa força que deseja sempre o mal e sempre cria o bem”.
Ao ver a apresentação do eminente personagem, impossível não lembrar do eminente colega. Para ele, a agressão gratuita é coisa boa.