Por Alexandre Martello, do G1 – O Brasil fechou o ano de 2023 com US$ 355 bilhões em reservas internacionais – uma “poupança” que o governo faz em moedas estrangeiras e que funciona como um seguro contra crises externas.

O número representa um crescimento de 9,3%, ou US$ 30,3 bilhões, em relação ao patamar do ano anterior (US$ 324,7 bilhões).

A vantagem de ter esses dólares guardados é que isso dá garantias contra eventuais crises no mercado internacional, como a da Rússia em 1998, ou eventuais retiradas de recursos por investidores.

Com os dólares, o país tem mais autonomia e não fica dependente, por exemplo, de empréstimos externos como os do Fundo Monetário Internacional (FMI) – buscados recentemente pela Argentina.

O governo acumula a moeda norte-americana de três formas:

comprando dólares no mercado,
recebendo por suas aplicações (geralmente em títulos do Tesouro norte-americano), ou
fazendo emissões de títulos da dívida pública no mercado internacional.

Crescimento em 2023

O crescimento das reservas cambiais no primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva, foi motivado pelo ingresso de recursos no país no montante de US$ 11,5 bilhões.

Além disso, também se deve ao fato de o Banco Central não ter vendido dólares para conter movimentos fortes de retiradas de recursos – como o registrado durante a pandemia da Covid-19, em 2020.

O recebimento de dividendos pelas reservas também ajudou no crescimento dos ativos brasileiros, assim como o retorno de US$ 13 bilhões em um tipo de empréstimo (chamado de leilão de linha) feito ao mercado financeiro anteriormente.

Em 2022, quando as reservas tiveram uma queda de US$ 37,3 bilhões, o BC vendeu US$ 570 milhões em dólares no mercado à vista, e US$ 11,5 bilhões nos chamados leilões de linha. Além disso, US$ 6,46 bilhões deixaram o país por conta de operações comerciais e financeiras.

Política cambial e BC autônoma

Embora o crescimento tenha ocorrido no primeiro ano do governo Lula, a administração da política cambial (compra e venda de dólares, leilões de linha e intervenções no mercado futuro – entenda as diferenças) é uma atribuição do Banco Central, que possui autonomia legal desde 2021.

Dentro de uma política de livre flutuação do real, a instituição tem esclarecido que intervêm no câmbio somente em momentos específicos: para evitar movimentos bruscos no dólar, quando há uma falta de divisas no mercado ou quando vê algum tipo de distorção na formação de preço, por exemplo.

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