Compreendo que a defesa do Estado Democrático de Direito é um fim em si mesmo, valor a ser cultivado para além das distinções ideológicas entre esquerda e direita.
Dentro desse debate acerta da tentativa de golpe, venho tecendo diversas críticas ao senador Rogério Marinho, pela sua previsível “passada de pano” nos golpistas, inclusive utilizando em minhas críticas a memória do seu saudoso avô.
Diante dos posicionamentos que tenho feito sobre a atuação de Rogério, sinto-me moralmente obrigado a fazer uma ressalva: provavelmente o então senador (graças a Rafael Motta) eleito foi contrário à trama golpista.
Nesse sentido aponta matéria de hoje do Portal Metrópoles. Transcrevo um trecho abaixo, volto em seguida:
—
Anotações encontradas pela Polícia Federal (PF) revelaram a bronca de militares com Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado. Em uma folha com mensagens do delator Mauro Cid repassadas ao general Braga Netto, consta a frase: “Ressentimento com a parte política da direita: Rogério Marinho”.
De acordo com interlocutores, a ala militar radical do bolsonarismo se decepcionou com Marinho porque o parlamentar foi contra iniciativas que levassem a uma ruptura democrática. O parlamentar tentou convencer o entorno do então presidente a “virar a página e ter paciência” para que Bolsonaro voltasse ao poder em 2026 pela via eleitoral.
—
Voltei.
Parece-me um comportamento que Rogério de fato teria. Ele é inteligente, talvez o político mais inteligente do Estado, a despedido que infelizmente defende.
Não há como afirmar se a posição de Rogério ocorreu por senso democrático ou por mero pragmatismo, já que qualquer pessoa com QI superior ao de Breno Queiroga compreenderia “de cara” que não tinha como a trama golpista dar certo.
Mas defendo a presunção de inocência: presumo o melhor, cabendo a quem acredita no pior comprová-lo.
Presumo, portanto, que Rogério compreendeu que tentar o golpe seria “ir longe demais”.
Não podemos nos nivelar por baixo quando o assunto é criticar adversários.
Fica feita a ressalva.